Da Redação
Por: Prof. Taciano Medrado
O aumento da violência no Afeganistão está forçando jornalistas da imprensa afegã – em especial as mulheres – a abandonar a profissão por meio de ataques ou até assassinatos. A presença dessas profissionais nas redações caiu 18% no primeiro semestre de 2020, informou o Comitê dos Jornalistas Afegãos no último dia 8.
Não há nenhuma mulher
jornalista trabalhando em veículos de comunicação em nove das 34 províncias do
país. De cerca de 1,7 mil profissionais em 2020, restam 1,3 mil – número que
reúne demitidas ou assassinadas.
O medo dos jornalistas
aumentou mesmo após a tentativa de acordo assinada
pelos EUA e Taleban em fevereiro de 2020. Desde então, os números de
assassinatos cresceram 169% em todo o Afeganistão. Os profissionais de mídia e
os civis estão entre os principais alvos, apontou um relatório da
Comissão de Direitos Humanos do Afeganistão.
As mulheres jornalistas
entraram na mira do Taleban e do Estado Islâmico a partir de 2015, quando houve
uma expansão da indústria de notícias afegã. Baseados na lei
religiosa da sharia, os talibãs desaprovam mulheres no mercado de
trabalho e punem quem descumpre a regra.
O Taleban notabilizou-se pelo
histórico de violência às mulheres, que inclui o uso da burqa, véus que
cobrem todo o corpo e o bloqueio no acesso à educação e ao emprego durante o
período em que dominaram o Afeganistão, entre 1996 e 2001.
Consequências
“Trabalhar no Afeganistão como
jornalista sempre foi um risco, mas as coisas pioraram – especialmente se você
é uma mulher na mídia”, relatou a jornalista Sofiea Karimi ao portal
indiano News
Laundry.
Karimi teve de deixar sua
recém-iniciada carreira como apresentada no ano passado, aos 21 anos. O motivo,
segundo ela, foram os ataques e ameaças contínuas a colegas e amigos. “Alguns
sobreviveram, outros foram mortos”, relatou.
Em dezembro, a proeminente repórter Malalai
Maiwand foi assassinada em um atentado reivindicado pelo Estado
Islâmico. No dia 3, três funcionárias da emissora Enikass TV foram
mortas em dois ataques ao sul do país.
Em consequência, a emissora
“suspendeu” sua equipe feminina por medo de novos ataques. A onda de
desistência dessas profissionais também cresceu, muitas forçadas por suas
famílias.
À RFE (Radio
Free Europe), a jornalista Samira, que já deixou o país, vê os ataques como uma
forma do Taleban enfraquecer Cabul, com quem disputa
um acordo de paz. “Civis se tornaram peões em um jogo político”,
disse.
“Enquanto o Taleban aterroriza
a população para desacreditar o governo, o governo usa os ataques para condenar
o Taleban. No final, só há impunidade. Ou você fica e espera a sua vez de ser
morto, ou sai do país. Não há como se proteger”.
Com informações do site a Referencia.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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