Erro factual ou erro de direito?

 

Ministro Alexandre de Moraes- STF - Foto reprodução redes sociais 


(*) Taciano Medrado


Ministros da Suprema Corte da Justiça brasileira não são Deuses, são seres humanos como qualquer cidadão comum e susceptíveis a cometer erros, e interpretações equivocadas. Se esses erros são feitos de forma intencional, com intuito de se locupletarem em algum intento é uma coisa que não se pode afirmar ou comprovar, mas que deve ser, no mínimo observado com muita acuidade.


Erro factual


Um erro factual cometido por um juiz ocorre quando o magistrado se equivoca na interpretação ou consideração dos fatos de um caso ao tomar uma decisão judicial. Esses erros podem envolver:


Identificação incorreta de evidências: O juiz pode interpretar erroneamente ou não considerar corretamente as provas apresentadas no processo.


Erro ao entender testemunhos: Pode ocorrer uma má interpretação dos depoimentos das testemunhas ou das partes envolvidas.


Confusão sobre eventos ou cronologia: O juiz pode errar ao entender a sequência dos eventos ou as circunstâncias factuais do caso.


Conclusões errôneas baseadas em fatos incorretos: O juiz pode basear sua decisão em premissas ou fatos que não correspondem à realidade apresentada no processo.


Vale salientar que erros factuais são diferentes de erros de direito, que ocorrem quando o juiz aplica incorretamente uma norma jurídica ou interpretação legal. Nos sistemas jurídicos que permitem apelações, um erro factual pode ser um motivo para que a parte prejudicada recorra da decisão, solicitando uma revisão por um tribunal superior.


Erro de direito


O erro de direito ocorre quando há uma falha na compreensão ou interpretação da lei aplicável a uma determinada situação.


O erro de direito geralmente não é uma desculpa válida em sistemas jurídicos, baseando-se no princípio de que todos devem conhecer a lei ("ignorantia legis neminem excusat" - a ignorância da lei não é desculpa). No entanto, em algumas situações específicas, o erro de direito pode ser levado em conta para reduzir a pena ou para outras consequências legais.


O STF, assim como outras instituições importantes no pais tem seus ritos que devem ser seguidos.  Esses ritos ajudam a conferir legitimidade, continuidade e solenidade às ações das instituições, mantendo uma conexão com as tradições e valores que essas organizações representam.


Ministro na mira


Segundo a reportagem da Folha de São Paulo, auxiliares de Moraes, tanto do STF quanto do TSE, trocavam mensagens de WhatsApp com técnicos da Justiça Eleitoral solicitando, de forma não oficial, a produção de documentos para serem utilizados em inquéritos no Supremo.


Os pedidos de investigação feitos por Moraes ocorreram antes e depois das eleições gerais de 2022, período no qual o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral era presidido pelo ministro.  Em alguns casos, diz o jornal, os auxiliares de Moraes não apenas indicavam a personalidade que deveria ser investigada como também sugeriam conteúdos que deveriam constar no documento produzido pelo TSE.


Corporativismo protecionista


Sempre que alguma denúncia é formalizada contra qualquer membro do STF, imediatamente entre em campo o “Taske Force” ou melhor dizendo, o corporativismo protecionista aparece em defesa do citado.  


O primeiro ministro do STF a se manifestar em defesa do seu par foi o comunista de carteirinha, Flávio Dino ao afirmar nesta quarta-feira (14) em evento organizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (IEJA), que Moraes “é acusado de um crime gravíssimo, qual seja: cumprir o seu dever”. “O TSE exerce o poder polícia, manda elaborar relatórios acostados em autos existentes e isso é tido como violação de rito”, afirmou.


“Estamos diante da inusitada situação de se questionar o direito de ofício do poder de polícia”, prosseguiu o ministro. “Desde ontem a noite, não consegui encontrar em que capitulo, dispositivo ou preceito viola qualquer determinação da nossa ordem jurídica”, prosseguiu.


Para Dino, os pedidos de Moraes para que o TSE produzisse relatórios e monitorasse a atividade de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envolvidos em campanhas de desinformação foram “para o estrito cumprimento do dever legal”. O ministro, que foi juiz federal no início da carreira, declarou-se “chocado” com os questionamentos feitos a atuação de Moraes.


Beijo na mão


A atual presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, fez um gesto a Moraes mais sutil do que o de Dino. Ao se encaminhar para o púlpito em que faria a palestra no IEJA, a magistrada parou em frente a Moraes e beijou a sua mão numa demonstração de apoio.


(*) Professor e redator-chefe

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