© Anne-Christine POUJOULAT
A
federação ucraniana de judô anunciou nesta segunda-feira que não enviará sua
delegação ao Mundial no Catar, de 7 a 14 de maio, devido à presença de judocas
russos e bielorrussos.
A
federação ucraniana afirma que alguns desses judocas também são soldados na
ativa.
A
Federação Internacional de Judô (IJF) deu no domingo sinal verde para a
presença de russos e bielorrussos nestes campeonatos mundiais, com a condição
de que participem individualmente e como atletas neutros.
Mas
a federação ucraniana afirmou nesta segunda-feira que "a maioria da equipe
(russa) é de atletas ativos nas forças armadas da Federação Russa que atacaram
a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022" e que "continua a travar uma
guerra brutal contra nossos território".
"Mais
de 250 atletas ucranianos deram suas vidas defendendo o país, incluindo
representantes do judô", disse a federação ucraniana, acrescentando:
"Não vemos neutralidade, igualdade de condições e nem 'uma ponte para a
paz', conforme declarado na resolução da IJF sobre a participação de equipes
russa e bielorrussa no Mundial de Doha".
"Em
vez disso, vemos uma decisão que contraria as últimas recomendações do Comitê
Olímpico Internacional de 28 de março de 2023, nas quais o COI diz que o status
de atleta neutro só pode ser concedido a quem não é militar", acrescenta a
federação.
A
judoca ucraniana Daria Bilodid chamou a decisão da IJF de
"inaceitável".
"Todas
essas pessoas que vão participar do Mundial são militares. Não faz sentido, não
é?", disse a campeã mundial de 2019 na categoria até 48 quilos e
medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos, em mensagem no Instagram.
"Acho
inaceitável autorizar os militares de um país terrorista, que mata ucranianos
todos os dias, a participar de competições internacionais", disse a
atleta.
A
IJF não pôde ser contactada pela AFP para confirmar o status de militar dos
judocas russos.
Mas
entre os judocas russos inscritos nos mundiais está Inal Tasoev, medalhista no
mundial militar de Paris em 2021. Nessa mesma competição, Mikhail Igolnikov,
também presente em Doha, terminou em terceiro na categoria -90 quilos.
O
presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, declarou no final de
março que atletas russos e bielorrussos poderiam "participar como atletas
individuais e neutros" desde que não "apoiem ativamente a guerra na
Ucrânia" e não estejam "sob contrato" com o exército ou de
segurança de ambos os países.
O
COI ainda não se pronunciou sobre a participação de representantes desses dois
países nas Olimpíadas de Paris em 2024.
Fonte: AFP
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