Depois de tentar, sem sucesso, impedir a instalação da Comissão, as lideranças do governo mudaram o discurso e já tentam negociar o controle do colegiado, que será instalado às 12h da próxima quarta-feira (26).
A
aposta governista é isolar os escolhidos da oposição e ressuscitar a tropa de
choque da extinta CPI da covid, quando a e esquerda dominou os principais
cargos durante a pandemia, através dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar
Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (PT-AP).
“Ação
ofensiva”
“Eu
acho que agora o governo deve ir para a ofensiva e indicar os nomes que vão
compor a relatoria e a Presidência da Comissão”, declarou o deputado Lindberg
Farias (PT-RJ), vice-líder do governo na Câmara. “Nós vamos para a ofensiva
política, eles não têm como virar o jogo contra o governo porque financiaram,
incitaram e organizaram caravanas e isso pode chegar no próprio Bolsonaro”,
disparou.
Por
outro lado, deputados e senadores contrários ao governo Lula, mesmo os que não
se declaram “de direita” e se consideram “independentes”, também se organizam
desde a quinta-feira passada com objetivo de obter o máximo de
representatividade na CPMI, que será instalada oficialmente na próxima
quarta-feira (26).
O
objetivo é identificar se houve premeditação ou negligência por parte do atual
governo. E se foi alertado antecipadamente pelos órgãos de
inteligência e não teria agido para impedir o crime e, desse modo,
beneficiar-se com a sua repercussão.
Expectativas
O
senador Izalci Lucas (PSDB-DF) confirmou que a CPMI será aberta na próxima
quarta-feira, ao meio-dia. Ele destacou que a investigação trará maior
transparência ao debate político, na medida em que jogará luz sobre assuntos
ainda não esclarecidos. O senador criticou a mudança de discurso do atual
governo, depois do vazamento das imagens do ex-ministro do GSI, do
presidente Lula, confraternizando com os manifestantes dentro do Palácio do
Planalto, no dia em que o prédio foi depredado.
“Agora
o governo começa a fazer um discurso de que ele tem interesse na CPMI. Mas
vamos acompanhar e demonstrar claramente quem comandou, quem se omitiu, e
individualizar as pessoas porque cada um tem que pagar pelo seu erro ou pela
sua omissão”, defendeu. “A CPMI vai dar muita transparência a tudo isso”,
enfatizou.
Suspeitas
As
suspeitas de manipulação política foram reforçadas com o vazamento na semana
passada de imagens de câmeras internas de segurança, nas quais o ministro do
GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias, aparece
confraternizando com os invasores do Planalto do Planalto. Diante do escândalo,
Dias foi convidado a se demitir.
A
CPMI também investigará se a manifestação foi espontânea ou financiada por
grupos políticos ligados ao governo anterior; se houve erro por ação ou omissão
do governo federal e do governo do Distrito Federal, e até mesmo se tinham
manifestantes que apoiam o atual governo infiltrados com objetivo de incitar a
violência e “culpar” os ativistas acampados em frente ao Exército, simpáticos
ao governo anterior.
Depoimentos
Serão
ouvidos vários envolvidos na CPMI, desde manifestantes que foram presos,
passando por agentes de segurança e até chegar a ministros e secretários de
Estado.
Além
do general Gonçalves Dias, homem de confiança que cuidava da segurança de Lula
desde os mandatos anteriores do atual presidente, os depoimentos mais
aguardados são do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, e do ex-ministro
Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres. Ambos
teriam sido avisados, antecipadamente.
Com informações do Brasil 61
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