Fotomontagem TM
O
coordenador nacional do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Paulo Rodrigues, afirmou que o grupo
sempre defenderá o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), mas que movimento não é “correia de
transmissão” da gestão do petista e que não aceita “nenhum tipo de
coleira ou focinheira” sobre a organização.
“O
governo é nosso, nós ajudamos a construir. Mas o MST tem autonomia em relação
ao PT e ao governo”, declarou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta 5ª feira
(27.abr.2023).
Segundo
João Paulo Rodrigues, a administração do presidente “errou
politicamente” em não atender às pautas defendidas pelo MST.
“Mas
não cabe a nós dizer que o governo tem que fazer. Nós reivindicamos. Na minha
avaliação, o governo não gostou das ações do MST e deve ter pedido nas
conversas internas: ‘Vamos colocar o MST no cantinho do pensamento, depois nós
atendemos eles'”, disse.
ABRIL
VERMELHO
Rodrigues
também afirmou que parte do movimento está frustrada com a gestão petista.
Segundo ele, o MST realizou um número “muito menor” de invasões “para
não ter embates com os fazendeiros nem querer provocar a direita”.
“Por
fim, eram as negociações com o governo. Avançamos, criarmos canais de
negociação. Mas o governo não fez nenhum anúncio até agora. Isso frustrou nossa
base”, afirmou.
Atualmente,
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupa propriedades como parte da
Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, também conhecida
como “Abril Vermelho”, que se iniciou em 17 de abril.
A
data marca 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, que se deu no município
paraense em 1996. No episódio, 21 trabalhadores sem terra foram mortos pela PM
(Polícia Militar) na cidade.
No
domingo (23.abr), o movimento ocupou outras terras de 3 regiões da Bahia. A invasão
se deu 1 dia depois de o MST entrar em acordo com autoridades do governo
e deixar a sede da Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa e Agropecuária), localizada em Pernambuco.
As
ações do movimento têm causado mal-estar também entre integrantes da gestão
Lula. Nesta 5ª (27.abr), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos
Fávaro (PSD), afirmou que ocupações de terra são tão graves quanto
invadir o Congresso, em uma referência aos atos do 8 de Janeiro.
CPI
DO MST
Rodrigues
também disse que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do MST –que
busca “investigar a atuação do grupo, seu real propósito e seus
financiadores”– seria perseguição política.
“Não
é sobre o passado porque não há fato que a justifique. Nossas ações estão
dentro do marco na democracia […] Nós vamos judicializar junto ao Supremo
Tribunal Federal porque ela é inconstitucional”, disse.
Na
4ª feira (26.abr), o presidente da Câmara, deputado Arthur
Lira (PP-AL), leu o requerimentos de abertura da comissão. Com a
leitura formal, os colegiados são considerados criados. Eis a íntegra (279 KB).
Em
25 de abril, o coordenador do MST afirmou que se reuniu com Lira para tratar sobre a
criação da Comissão Parlamentar de Inquérito que apuraria o movimento.
Entretanto, o deputado negou o encontro.
“Não
devemos ficar com medo da direita. Nós já passamos por quatro CPIs, e o MST
saiu mais forte de todas elas. A CPI é desnecessária e não acumula para o
debate democrático no Brasil”, declarou o coordenador. Em sua avaliação,
porém, o governo “está fraco” no Congresso Nacional.
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