EFEITO DIPLOMÁTICO CATASTRÓFICO: : Lula vai à Europa pressionado por declarações sobre guerra

Foto captura de tela - BBC News Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na 6ª feira (21.abr.2023) em Lisboa, iniciando visita oficial a Portugal e Espanha. Mesmo antes de pisar em terras lusitanas, o chefe do Executivo foi um dos temas mais falados pelos portugueses.


Uma das controvérsias envolvendo a visita é sobre a data da recepção ao presidente brasileiro na Assembleia da República, o parlamento português. Outra, diz respeito às declarações de Lula sobre a guerra na Ucrânia enquanto estava na China e nos Emirados Árabes Unidos.


Pouco antes de embarcar de Pequim para Abu Dhabi, em 15 de abril, Lula disse ser “preciso que os EUA parem de incentivar a guerra”. Ainda, “que a União Europeia comece a falar em paz”. No dia seguinte, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente falou que guerra entre Rússia e Ucrânia é culpa dos 2 países.


As declarações não foram bem recebidas tanto em Portugal quanto em outros países da Europa. Questionado por jornalistas na 2ª feira (17.abr), o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, tentou amenizar as críticas. Disse não se arrepender de convidar Lula para visitar Portugal e listou o histórico das posições do Brasil sobre a guerra na Ucrânia. 


“A posição brasileira nas Nações Unidas tem sido a mesma, ao lado de Portugal contra a Federação Russa, o que não tem acontecido com outros países de língua portuguesa”, declarou Rebelo de Sousa. “Se o Brasil mudar de posição, é uma escolha dele, nós não temos nada a ver com isso, e Portugal mantém a sua posição”, disse o português. “Cada país tem a sua política externa, se estivermos de acordo, melhor.”


O porta-voz de Assuntos Externos da União EuropeiaPeter Stanorespondeu na 2ª feira (17.abr) as declarações de Lula. Para ele, o prolongamento da guerra é de culpa exclusivamente dos russos.


“Em referência às falas do presidente brasileiro, gostaria apenas de lembrar alguns fatos básicos. O fato número 1 é que a Rússia, e apenas a Rússia, é responsável pela agressão ilegítima e não provocada contra a Ucrânia. Então não há dúvidas sobre quem é o agressor e quem é a vítima”, falou.


Stano afirmou que o bloco e os EUA estão ajudando a Ucrânia a exercer seu direito legítimo de autodefesa e relembrou que o Brasil votou a favor da resolução que condena a decisão de Moscou de invadir o país vizinho e determina que o Kremlin retire todas as tropas do território ucraniano.


O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou na 2ª feira (17.abr) que Lula “repete a propaganda russa e chinesa como papagaio sem olhar para os fatos”. Já Karine Jean-Pierre, porta-voz do presidente dos EUA, Joe Bidenfalou na 3ª feira (18.abr) que a Casa Branca recebeu com surpresa as declarações


“O tom não foi de neutralidade. Sugerir que os EUA e a Europa não estão interessados na paz ou que temos responsabilidade pela guerra, isso é claramente errado. É claro que queremos o fim desta guerra”, falou.


Na 3ª feira (18.abr), Lula mudou o discurso. Falou que o Brasil “condena a violação da integridade territorial da Ucrânia” e defende “uma solução política negociada para o conflito”. O presidente ainda defendeu a necessidade de se criar um grupo de países que “tente sentar-se a mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”.


O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, se encontrou na 6ª feira (21.abr) com representantes da comunidade de ucranianos em Portugal. Durante a reunião, realizada na Embaixada do Brasil em Lisboa, ele recebeu uma carta endereçada a Lula com a posição da comunidade sobre o conflito.


“Eles entregaram uma carta solicitando a intervenção do presidente Lula neste conflito da guerra da Rússia contra a Ucrânia e convidando o presidente Lula para ir à Ucrânia. O presidente Lula determinou que os recebesse e os ouvisse. E nós conversamos no sentido e explicitei bem a posição do governo brasileiro e do presidente Lula”, disse Macêdo a jornalistas depois do encontro.


“A vocação do Brasil e do presidente Lula é pela paz”, falou. “O presidente Lula solicitou que eu, em nome dele, me solidarizasse à dor das famílias vitimadas por essa guerra.”


Sobre as reações de países europeus às declarações de Lula, Macêdo disse: “Nós respeitamos a posição do continente europeu, dos países que estão de alguma forma envolvidos no conflito, mas a posição do Brasil é de neutralidade por uma razão muito simples: se o Brasil tomar partido, por um lado ou por outro, perde a autoridade política de juntar pares e países para encontrar um caminho para a paz. Este é o sentimento do presidente Lula e essa é a tradição do Brasil.”


Com informações do Poder 360

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