Fotomontagem TM
Assessor
especial do Ministério da Agricultura, o empresário Carlos Ernesto Augustin,
conhecido como Teti, diz que a ida de uma comitiva com mais de cem
representantes do agronegócio na viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) fará à China representa um rearranjo das relações com o país. As informações são Júlia Chaib/Folha de S.Paulo.
A
relação de 102 nomes inclui os de Joesley e Wesley Batista, executivos da
J&F, controladora da JBS, que firmaram um acordo de delação com o MPF
(Ministério Público Federal) e admitiram participação em casos de corrupção.
Os
irmãos, afirma Teti, são grandes exportadores de carne e têm "bilhões de
reais" em negócios com a China. Logo, não poderiam ficar de fora da
comitiva que vai ao país asiático.
"Se
trata de uma rearrumação das relações internacionais do Brasil com a China, e
os empresários vão lá para fazer negócios", diz Teti, que assessora
diretamente o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e atuou na campanha de Lula
à Presidência.
Teti
afirma que o fato de os irmãos terem firmado delação premiada e terem sido
indiciados por crimes em que lucraram no mercado financeiro por terem
informações privilegiadas não é motivo para eles deixarem de integrar a
comitiva.
Ele
lembra que o próprio Lula foi preso por acusações que posteriormente foram
consideradas inválidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e que isso não é
motivo para que ele não possa chefiar o Executivo.
Joesley
e Wesley Batista fecharam um acordo de delação premiada com o MPF (Ministério Público
Federal) em 2017 em que relataram ter recebido benefícios em troca de
compensações a agentes públicos.
Em
2019, por causa de problemas no acordo firmado com o MPF, os dois chegaram a
ser presos e posteriormente liberados.
Em
outra frente, a J&F assinou acordo de leniência ainda em 2017 e agora busca
revisá-lo para reduzir em ao menos R$ 3 bilhões o total de R$ 10,3 bilhões (em
valores de 2017) que concordou em pagar por envolvimento em casos de corrupção.
Os
irmãos Batista integram uma lista de outros cem empresários do agronegócio que
vão à China. Eles embarcam nesta segunda (20) para uma série de reuniões com
chineses e retornam na semana que vem.
Os
empresários viajarão em voos com horários parecidos. Os custos de viagem e
hospedagem serão pagos por eles, segundo o Ministério da Agricultura. O papel
da pasta e do governo, de acordo com assessores, é o de facilitar encontros e
negócios que os executivos vão ter com chineses.
Além
dos executivos do agro, pelo menos mais 50 industriais vão à China. Integram a
lista empresas como Embraer, a Vale e alguns bancos. Este grupo também deve ir
no início desta semana.
Já
Lula tem embarque previsto para a sexta-feira (25) rumo ao país. No dia 28, o
presidente terá uma série de reuniões políticas bilaterais com os chineses. Na
quarta-feira (29), haverá agenda com a participação dos cerca de 200
empresários que vão ao país e Lula.
O
presidente retornará ao Brasil no dia 30 após passar por Xangai, onde
encontrará a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que será confirmada chefe do
novo banco do Brics, e deve fazer ao menos uma escala nos Emirados Arábes.
Lula
tem ao menos duas intenções com a viagem à China. Uma delas é a estreitar as
relações com o gigante asiático, principal parceiro comercial do Brasil, com
quem mantém um fluxo de R$ 125 bilhões.
Em
outra frente, o governo tenta pressionar os americanos a oferecerem novas
parcerias de investimento, comércio e cooperação. De acordo com assessores, a
ideia é levar os americanos a "colocarem a mão no bolso".
Também
vão acompanhar Lula na viagem os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros 25 parlamentares.
A
lista inclui, como mostrou o Painel, o presidente da Frente Parlamentar
Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), e da Comissão de Relações Exteriores,
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), além de líderes de partidos como PT, PDT e
PC do B.
O
senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da CRE (Comissão de Relações
Exteriores), e os líderes do governo no Congresso, no Senado e na Câmara,
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jaques Wagner (PT-BA), e José Guimarães (PT-CE),
também estão na comitiva.
A
previsão é que Lula assine uma série de memorandos com a China.
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