Da Redação
Ex-ministro-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Michel Temer, o general Sérgio
Etchegoyen criticou a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na qual o petista afirma que “perdeu a confiança” em parte das Forças
Armadas. Para Etchegoyen,
a fala do presidente demostra “profunda covardia” e não contribuem para
pacificar o País.
“Passado
o triste episódio do dia 8, o presidente Lula, comandante
supremo das Forças Armadas, dá uma declaração clara à imprensa de que não
confia nas Forças Armadas. Como é que se pacifica o País a partir daí? Como é
que se pacificam as Forças Armadas, que são uma instituição de Estado com a
qual os governos do PT conviveram por 16 anos?”, afirmou nesta terça-feira, 17,
em entrevista ao programa gaúcho Pampa Debates.
“O
presidente da República (...) sabe desde já que nenhum general vai convocar uma
coletiva para responder à ofensa. Então isso é um ato de profunda covardia,
porque ele sabe que ninguém vai responder. Ele sabe que ninguém vai contestar o
que ele está dizendo. Ou seja, é a velha técnica de procurar culpados”,
acrescentou.
No
último dia 12, em um contexto de críticas sobre a atuação do Exército na
invasão ao Palácio do Planalto, Lula admitiu que “perdeu a confiança” em
parcela dos militares da ativa. “Eu perdi a confiança, simplesmente. Na hora
que eu recuperar a confiança, eu volto à normalidade”, disse. Como mostrou o Estadão, pela primeira vez um presidente
rejeitou ter militares fardados como ajudantes de ordens.
Em
outra declaração, o chefe do Executivo afirmou que as Forças Armadas “não são
poder moderador como pensam que são”. O petista disse que o ex-presidente Jair
Bolsonaro “poluiu” a instituição. “É como se tivesse dado um terremoto, mudou tudo
de lugar. Bolsonaro mudou o comportamento de muita gente nesse País”, disse o
presidente.
O
general Etchegoyen chefiou o GSI durante o governo Temer, entre 2016 e 2019. O
órgão é responsável direto pela segurança do presidente. Lula escolheu permanecer com a segurança da Polícia Federal por
desconfiança com os militares lotados no GSI.
Etchegoyen
afirmou que nunca viu tamanho grau de radicalismo no País como atualmente. Ele
relembrou os protestos violentos que ocorreram em Brasília em 2017, durante o
governo Temer, contra as reformas da Previdência e trabalhista, e disse que
aquele episódio não se compara com o que ocorreu neste ano.
“Eu não vivi nenhum momento no Exército parecido com isso que a gente está vivendo agora. Não vivi nenhum momento desse nem no governo Temer, com o que aconteceu, a violência na Praça dos Três Poderes, a invasão da Praça dos Três Poderes, eu nunca tinha visto esse grau de radicalismo e divisão da sociedade brasileira”, afirmou.
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