O
Ministério da Saúde pretende começar a aplicar as doses de reforço com a vacina
bivalente para imunização contra a covid-19 a partir do dia 27 de fevereiro.
Essas vacinas aumentam a imunidade contra o vírus da cepa original, bem como da
variante Ômicron. O anúncio foi feito hoje (26) durante a primeira reunião
ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, na Organização Pan-Americana de
Saúde (Opas).
Na
primeira fase, a campanha terá foco em pessoas com idade acima de 70 anos,
imunocomprometidos e moradores de comunidades indígenas, ribeirinhas e
quilombolas. Na sequência (Fase 2, com data ainda a ser definida), a campanha
será voltada a pessoas com idade entre 60 e 69 anos. Gestantes e puérperas
serão o foco da Fase 3; e profissionais de saúde serão o foco da quarta fase da
campanha.
Durante
a reunião com os integrantes da comissão, a ministra da Saúde, Nísia Trindade,
disse que a nova gestão da pasta adotará uma política de “cuidado e construção
coletiva” e que, nesse sentido, será fundamental o diálogo entre União, estados
e municípios. “Hoje, temos alguns desafios muito específicos que representam o
retorno de uma pactuação em alto nível, como devem ser as nossas relações”,
disse.
“Destaco
entre as medidas iniciais, a Política Nacional de Imunização, a ser
apresentada; um plano nacional para redução de filas na atenção especializada;
a recuperação da Farmácia Popular; a valorização da atenção básica; o
provimento, qualificação e formação profissional; e a retomada em novas bases
do Programa Mais Médicos”, disse a ministra.
Dirigindo-se
aos secretários de Saúde estaduais e municipais presentes, o diretor do
Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Éder Gatti, descreveu a
situação dos estoques de vacinas do ministério, tanto para o tratamento da
covid-19 como de outras doenças. Segundo ele, a situação deixada pelo governo
anterior representa “risco real” de desabastecimento de alguns imunizantes.
“Por
estarem vencidas, mais de 370 mil doses da vacina AstraZeneca foram incineradas
em dezembro passado. Encontramos estoque zerado de vacinas Pfizer Baby
pediátrica e CoronaVac, o que impede a vacinação de nossas crianças. E o
estoque de vacinas bivalente, para iniciar a estratégia de vacina de reforço,
estava muito baixo, impedindo articulação e estruturação de uma política
publica para a vacinação de nossa população”, descreveu o diretor.
Ele
acrescentou que há “risco real de desabastecimento de vacinas importantes de
nosso calendário, porque os estoques estão baixos também para vacinas BCG,
hepatite B, vacina oral contra poliomielite e a triviral”.
Segundo
Gatti, o cenário atual de baixas coberturas vacinais “deve-se aos discursos
negacionistas feitos nos últimos quatro anos por nossas autoridades, o que
resultou na queda de confiança nas vacinas”. “Temos risco de epidemias de
poliomielite e sarampo”, complementou.
A
ministra Nísia Trindade disse, em uma das pausas da reunião, que a “primeira
providência” da pasta é a de recompor estoques “para podermos planejar as
ações”. Ela acrescentou que o calendário de multivacinação infantil está sendo
trabalhado e em breve será divulgado.
“Faremos
ações de vacinação nas escolas, como uma das estratégias, e combinaremos
múltiplas estratégias para que possamos dar esta proteção, pois a baixa
cobertura vacinal das crianças não diz respeito apenas à covid-19. Infelizmente
ela está em cerca de 40%, por exemplo, para sarampo e poliomielite, um dos
índices mais baixos da nossa história, desde o início do Programa Nacional de
Imunização”, completou.
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