Centenas
de milhares de manifestantes saíram às ruas na França, nesta quinta-feira (19),
em mais uma greve que mobilizou diversos setores do país contra a reforma da
previdência defendida pelo governo de Emmanuel Macron. Os transportes foram
parcialmente interrompidos, tanto na rede ferroviária quanto no metrô de Paris,
e muitas escolas permaneceram fechadas. A jornada de paralisação massiva
teve interpelações da polícia e foi um teste político para o presidente
centrista, em um contexto social tenso no país.
As
manifestações se multiplicaram em muitas cidades francesas. De acordo com
Philippe Martinez, secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho),
dois milhões de pessoas participaram dos atos em toda a França, enquanto a
polícia estimou em 1,12 milhão de pessoas nos protestos contra a reforma das pensões.
Os
sindicatos saudaram uma mobilização "bem-sucedida". Foram 16.000
pessoas nos protestos em Bordeaux, segundo a polícia, mais de 50.000 pelas
contas dos organizadores, que não registraram incidentes.
Pelo
menos 36.000 pessoas participaram da marcha em Toulouse (sudoeste), 26.000 em
Marselha (sudeste), 25.000 em Nantes (oeste), 19.000 em Clermont-Ferrand
(centro), 15.000 em Montpellier (sudeste), 14.000 em Tours (centro), 12.000 em
Perpignan (sul).
Em
Lyon, 23.000 pessoas protestaram. Os manifestantes atiraram projéteis contra os
policiais e 17 pessoas foram presas.
400.000
em Paris
Na
capital, um cortejo foi organizado por volta das 14h15, hora local, 10h15 pelo
horário de Brasília, a partir da Praça da República, ao norte de Paris. A
imensa adesão de participantes fez com que a marcha demorasse para sair. Eram
cerca de 400.000 manifestantes, segundo informação da CGT, enquanto o número
oficial ainda não tinha sido divulgado.
“Dois
terços dos franceses são contra a reforma. Essa oposição da opinião deve se
transformar em mobilização. É dessa forma que ganharemos”, afirmou Benoît Test,
da FSU (Federação Sindical Unitária) à reportagem da RFI Brasil. “As
pessoas têm que estar convencidas. Temos também que convencer quem está aqui
que podemos ganhar. Então, temos que continuar, porque podemos vencer. A
questão é sobre o aumento da idade e o aumento da contribuição. E se não nos
atenderem sobre isto, então o movimento continua e vai aumentar”, completou.
“Pedimos
ao governo não escolher o caminho da irresponsabilidade. Mas, ao contrário, ser
razoável. E voltar atrás nesse projeto de reforma, achar meios para ter uma
verdadeira melhoria na aposentadoria dos franceses”, disse Laurent Escure, da
UNSA (União Nacional dos Sindicatos Autônomos).
“Sou
contra a reforma porque não é um projeto social aceitável. As pessoas sofrem no
trabalho. É mais isso que temos de acertar. O sofrimento no trabalho, as
desigualdades, para preparar o futuro”, disse a funcionária pública Dauphine,
em entrevista à RFI Brasil.
“É
uma luta global contra o sistema. Desde o começo, Macron nos impõe suas leis liberais, ele não defende o
serviço público e agora é a previdência. Nós queremos uma aposentadoria aos 55
anos para as profissões mais difíceis e 60 anos para as restantes. Nós queremos
uma vida digna”, resume Joachim, estudante.
O
projeto apresentado pelo governo francês e sua principal medida, o adiamento da
idade de aposentadoria integral para 64 anos, contra 62 hoje, está enfrentando
uma frente sindical unida e hostilidade da opinião pública, de acordo com
pesquisas publicadas recentemente.
"Emmanuel
Macron gostaria que morressemos no campo, que trabalhássemos até os 64
anos", disse Hamidou, 43, lixeiro da cidade de Paris. "Acordamos
muito cedo. Tem alguns colegas meus que acordam às 3h da manhã. Trabalhar até
64, francamente, é demais", diz.
Em
Paris, eclodiram confrontos entre policiais e manifestantes perto da Praça da
Bastilha, onde manifestantes lançaram projéteis em direção dos policiais, que
usaram gás lacrimogêneo para conter os vândalos. A polícia fez trinta
interpelações durante o cortejo dos grevistas, a maioria por porte de armas,
ofensa ou rebelião.
Home
office foi privilegiado
A
greve teve grande adesão no setor de transportes com quase nenhum trem regional
circulando, poucos trens de alta velocidade (TGV), um metrô bem mais lento em
Paris e o subúrbio mal servido de trens nessa quinta-feira.
As
plataformas de metrô quase desertas e muitas estações vazias mostravam que a
greve atingiu massivamente o setor do transporte. Porém, sem causar grandes
aglomerações na região de Paris, porque muitas empresas e funcionários se
organizaram para essa jornada de trabalho. Muitos empregadores haviam
recomendado que seus funcionários trabalhassem de casa, especialmente nas
atividades de escritório.
"Adaptamos
nossos horários, explica Pauline Zamolo, farmacêutica. “Eu, por exemplo, era
para começar ao meio-dia, mas não tem metrô depois das 9h30, então vim mais
cedo e vou sair mais cedo”, diz. Apesar do esforço coletivo, alguns
funcionários viram-se obrigados a tirar um dia de folga. “Temos uma mãe que tem
um filho relativamente pequeno e cuja escola está em greve, então ela teve que
tirar um dia de folga”, acrescentou Zamolo.
Nos
restaurantes, à hora do almoço, foi necessário antecipar uma clientela menor e
ajustar a jornada de trabalho. "Muitos clientes habituais nos avisaram que
não estariam aqui hoje", disse Claire Calligaro, gerente do restaurante
Mûre, no 2º distrito da capital. “Logicamente reduzimos as quantidades em cerca
de 20%”, diz.
Adesão
em outros setores
Na
função pública, a greve era seguida por 28% dos funcionários públicos ao
meio dia, de um total de 2,5 milhões de servidores.
Na
educação nacional, o principal sindicato do setor, o FSU, contabilizava 70% dos
professores em greve nas escolas e 65% nas faculdades e escolas secundárias.
Os
agentes da empresa pública de eletricidade EDF cortaram a produção de energia,
atingindo pelo menos o equivalente a duas vezes o consumo de Paris.
Quanto
às refinarias, a CGT TotalEnergies registrou entre 70 e 100% de grevistas.
O
porto de Calais também parou devido a adesão dos funcionários portuários à
greve.
Em
nível nacional, a mobilização desta quinta-feira é compatível ou mesmo
superior a de 5 de dezembro de 2019. “Estamos claramente numa forte
mobilização, além do que pensávamos”, concluiu Laurent Berger, sindicalista.
Fonte: RFI
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