Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes - foto reprodução
Da redação
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes afirmou em um áudio enviado a amigos do agronegócio pelo WhatsApp que "está acontecendo um movimento muito forte nas casernas" brasileiras, e que "é questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso", para um "desenlace bastante forte na nação, [de consequências] imprevisíveis, imprevisíveis".
Ele
afirma também não poder falar tudo o que sabe sobre o "desenlace"
para os amigos.
"Eu
não posso falar muito. Sim, tenho muitas informações, queria passar para ti,
para o teu time do agro, que eu conheço todos os líderes", diz Nardes.
Em
outro momento, ele afirma que conversou "longamente com o time do [Jair]
Bolsonaro essa semana".
O
presidente estaria se recuperando de uma doença de pele, mas que logo estaria
recuperado para "enfrentar o que vai acontecer no país".
"Ele
[Bolsonaro] não está bem, está com um ferimento na perna, uma doença de pele
bastante significativa. Mas tem esperança de poder se recuperar e poder melhorar
sua condição física E certamente terá condições de enfrentar o que vai
acontecer no país".
O
ministro afirma também que "se vai haver alguma mudança em relação a isso,
só que haja [se houver] uma capitulação por parte de alguns integrantes
importantes". E reafirma que há um sentimento de que a situação desaguará
em "um conflito social na nação brasileira".
Na
conversa, Nardes afirma também que "somos hoje uma sociedade conservadora,
que não aceita as mudanças que estão sendo impostas, e que despertou, isso é
muito importante".
Relembra
que nos anos 1980 criou um grupo para "se contrapor a "toda essa
transformação" que "acabou acontecendo no Brasil", e que sua
intenção era defender a "economia de mercado".
Na
época, revela, conversou com os ditadores Ernesto Geisel e João Figueiredo, que
trata no áudio como, "líderes da época".
Os
dois não tiveram, segundo ele, a "visão" de adotar o parlamentarismo
no Brasil para defender os valores da "economia de mercado".
Mas
o presidente Jair Bolsonaro teria reavivado o movimento conservador, segundo
Nardes.
"Agora
veio o Bolsonaro, que despertou a sociedade conservadora, e hoje todo mundo
está nas ruas fazendo a defesa desses princípios. Demoramos, mas felizmente
acordamos", afirma.
Ele
relembra que, quando era parlamentar, liderou a bancada do agronegócio na
Câmara dos Deputados e colocou "20 mil pessoas" em Brasília para
pressionar o governo de Fernando Henrique Cardoso a atender demandas dos
ruralistas. "Queimamos máquinas, tratores, fizemos um escarcéu".
Em
outro momento de sua vida, diz, ele teve "a coragem" de "tomar
uma atitude": a de liderar, como presidente do TCU, o processo de rejeição
das contas do governo de Dilma Rousseff, base para o impeachment da então
presidente da República.
O
processo, afirma, "desmontou de certa forma essas estruturas que eles
[petistas] conseguiram remontar agora baseado na estrutura que tinha já ficado,
que foi muito longa".
Nardes
afirma ainda que isso ocorreu porque o TCU teria encontrado "R$ 340
bilhões" de irregularidades. "E tudo se mostra que vai acontecer
novamente".
"Tudo
[está] muito nebuloso em relação ao futuro do país", afirma.
O
ministro critica os governos do PT. "Nunca aceitaram o diálogo, eles foram
para um confronto. E agora é um confronto decisivo. Eles vão vir para um
confronto que nós todos sabemos quais são as consequências", diz.
Fala
ainda sobre a necessidade de o Brasil "acordar, despertar, ter fé e
crença, como nós tivemos em 2015 [para tirar Dilma do governo]".
Diz
ainda que os produtores rurais têm que se mobilizar também, e não apenas os
caminhoneiros.
"Vamos
perder? Sim, vamos perder alguma coisa [na economia]. Mas a situação parta o
futuro da nação poderá se desencadear de forma positiva, apesar desse principal
conflito que deveremos ter nos próximos dias ou nas próximas horas",
completa.
O
deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) anunciou no Twitter que vai apresentar
um requerimento para que Nardes seja convocado a dar explicações ao Congresso
Nacional.
Partidos
aliados do presidente eleito Lula estudam acionar a corregedoria do TCU para
que o ministro preste esclarecimentos, e apresentar uma interpelação no STF
para que ele esclareça o sentido de suas frases, que poderiam configurar crimes
contra o Estado Democrático de Direito, além de calúnia, difamação e injúria.
Nardes
afirma à coluna que o áudio de fato é dele, mas que foi enviado a um grupo de
amigos. "Era uma conversa privada", afirma.
Diz
que sua intenção não foi criar "nenhum tipo de tumulto", mas sim
fazer uma análise "dentro da democracia e da liberdade de expressão".
O
ministro afirma também que, quando falou de movimento nas casernas, se referia
aos atos de bolsonaristas em frente a comandos militares, e não a um movimento
dentro das Forças Armadas.
Ele
diz também que reconhece a vitória de Lula e que pretende procurar o
vice-presidente Geraldo Alckmin e o petista Aloizio Mercadante, da transição de
governo, para conversar sobre "governança".
Com informações de Mônica Bergamo da Folha de São Paulo
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