Os
candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT).
Foto: Gabriela Biló/Estadão e Daniel Teixeira/Estadão
Da Redação
Depois das declarações dadas por Ciro contra Lula no programa Pânico da jovem Pan, em que disse que o PT não está poupando Lula e que o mesmo está enfraquecido e debilitado psicologicamente, o clima ficou tenso e os coordenadores da campanha do lulapetismo ficaram indignados e convictos de que não podem contar com o apoio de Ciro caso haja um segundo turno e mudaram a estratégia eleitoral e decidiram não poupar mais Ciro Gomes (PDT) de ataques e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já começou. Abriu nesta terça-feira(6) , de maneira escancarada, a disputa por eleitores que não apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), abrindo uma frente pelo ‘voto útil’.
Sem citar o nome de Ciro, terceiro colocado nas pesquisas, Lula estimulou o comando de sua campanha a trabalhar pela vitória ainda no primeiro turno, falou sobre os demais adversários em pronunciamento (e não apenas sobre Bolsonaro) e disse que “tem candidato” que não consegue “juntar gente” em comício na rua.
“Eu
quero dizer que, de todas as eleições, nunca tivemos a chance de resolver no
primeiro turno como temos nessas eleições. E a gente não tem que ter vergonha
de dizer isso, se falta apenas um tiquinho”, disse Lula. “O que nós precisamos
é aumentar a nossa capacidade de trabalho (...). Nós ainda não demos
visibilidade à campanha de rua e é preciso que a gente dê”, afirmou.
Até
então, Lula orientava seus aliados a “manter o pé no chão” sobre a possível
vitória no primeiro turno. Mas, além de ver a campanha estacionada nas
pesquisas de intenção de voto - embora em patamar confortável -, o movimento de
candidatos da chamada terceira via nas últimas semanas orientou a mudança de
rota petista.
O
PT contava com o apoio de Ciro Gomes no segundo turno e, ciente de que a
maioria dos votos do pedetista poderia migrar para Lula, o ex-presidente evitou
até agora o embate com o ex-aliado. No debate entre presidenciáveis que
aconteceu no último dia 28, Lula chegou a falar que não levava as críticas de
Ciro em consideração porque “ele tem o coração mais mole do que a língua”.
Ciro, por sua vez, manteve temperatura alta no ataque contra Lula na ocasião.
No dia seguinte, Ciro publicou nas redes sociais um comentário colocando em
xeque a saúde de Lula.
A
gota d’água dentro da campanha petista foi a última entrevista de Ciro Gomes. À
Jovem Pan, o candidato do PDT chamou o filho de Lula de “ladrão”, negou
abertamente a possibilidade de apoiar o ex-presidente no segundo turno e disse
que o petista está “debilitado” e “fragilizado”.
Um
dia depois da entrevista, veio a resposta no comando da campanha de Lula.
“Infelizmente, Ciro Gomes está rasgando sua biografia. Está, nitidamente,
fazendo alianças com o fascismo brasileiro”, escreveu Edinho Silva em seu
Twitter, ele é um dos coordenadores de comunicação da campanha de Lula.
Pouco
depois da publicação, a imprensa foi chamada para acompanhar uma declaração do
ex-presidente durante a reunião de coordenação de campanha - o convite aos
jornalistas para testemunhar a fala de Lula nestas ocasiões raramente acontece.
Lula,
então, autorizou a busca aos votos da oposição - e não mirou o ataque só em
Bolsonaro, como costuma fazer. “Além do candidato a presidente temos os
candidatos da oposição. Sei que às vezes vocês (aliados da campanha) ficam
chateados porque a oposição nos ataca. É normal. Eles me atacam porque eles têm
medo que eu ganhe no primeiro turno. A gente não tem que ter vergonha de dizer
que quer ganhar no primeiro turno”, disse Lula.
“Quem
tem 5, 6, 7 ou 8 (por cento das intenções de voto) sonha em chegar a 40 ou 30
para ir a segundo turno? Ora, por que quem tem 45 não pode sonhar apenas com
mais 5 e ganhar no primeiro turno?”, disse. “Estou convencido que a gente pode
definir essas eleições no primeiro turno. Se por acaso, o povo quiser segundo
turno, nós vamos ganhar também no segundo turno”, afirmou o petista.
Lula
afirmou que “nenhum candidato na história desse país teve esse leque de apoio
dos partidos políticos e do movimento social” que ele tem. Ciro Gomes tentou,
mas não conseguiu atrair nenhuma legenda para sua campanha. Ao falar sobre o
fato de candidatos não conseguirem fazer comício na rua por falta de apoio
popular, Lula emendou: “É preciso ter história, ter programa, ter compromisso
para poder juntar o povo na rua e discutir com eles”.
O
ataque genérico serve também à candidatura de Simone Tebet (MDB), avaliada pela
própria campanha do PT como o nome de destaque no debate entre presidenciáveis.
Simone também foi a candidata que recebeu melhores notícias na última pesquisa
de intenção de voto, com crescimento de 2% para 5% no último DataFolha.
No
pronunciamento desta terça-feira, Lula citou apenas uma de suas propostas de
governo já anunciadas, o Desenrola Brasil. É justamente o programa do PT
semelhante ao proposto por Ciro Gomes, para renegociação de dívidas.
Ele
defendeu a estratégia de “não baixar o nível” da campanha e não responder
“ataques rasteiros”.
Apesar
da fala, o PT mudou recentemente a orientação das peças de propaganda e passou
a atacar diretamente Bolsonaro pelas revelações sobre o patrimônio de sua
família e também pela condução da pandemia.
Com informações do Estadão
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