Foto ilustração
O ex-presidente Lula (PT) cometeu uma gafe em discurso
no último sábado (20) em São Paulo ao condenar a violência contra as mulheres.
"Quer
bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no
Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso."
A
fala se soma a uma série de outros escorregões na atual campanha eleitoral.
Como
mostrou a Folha de S.Paulo, a campanha do ex-presidente tem sido cobrada por
apoiadores para ampliar o uso da chamada linguagem inclusiva, que busca
combater preconceitos contra minorias, e ao mesmo tempo recebe críticas de
bolsonaristas por citar termos tidos como politicamente corretos.
O
petista, que lidera as pesquisas da corrida presidencial, adaptou parte de suas
falas para agradar à fatia da militância que abraça a defesa das mulheres, dos
negros, da população LGBTQIA+ e dos indígenas, mas escorregões nessa cartilha
ainda causam desconforto em sua base.
PALAVRAS
DA DISCÓRDIA NA CAMPANHA DE LULA
TESÃO
Aparece
em um raciocínio que já virou uma espécie de bordão, quando o ex-presidente diz
que, apesar de ter 76 anos de idade, está com "tesão de 20". Ele usa
a analogia para destacar sua vontade política de transformar o país. Militantes
se incomodam porque consideram o termo depreciativo para o conjunto das
mulheres, com perpetuação de estigmas como a submissão feminina
ÍNDIO
O
termo é visto como desrespeitoso. O mais recomendado é falar "indígena"
(ou "povos indígenas", quando a referência for ao conjunto dessa
população). Lula passou a usar as palavras indicadas depois de conselhos, mas
ainda comete deslizes. Em abril, ao prometer criar um ministério para a área
caso seja eleito, disse que ele "terá que ser [assumido por] um índio ou
uma índia"
ESCRAVO
Ativistas
da causa racial afirmam que a expressão reduz as vítimas de escravidão a uma
condição perene e ignora sua subjetividade, amenizando o fato de que foram
submetidas forçadamente a esse processo. Por isso, recomendam a substituição
por "escravizado". Lula disse em 2021 que, na visão da elite após a
abolição no Brasil, os negros "deixaram de ser escravos para virar
vagabundos"
ESCURECIMENTO
A
palavra foi usada pela apresentadora do evento que oficializou a chapa com
Alckmin, no último dia 7. Ao dar uma explicação ao microfone, a cantora Lika
Rosa anunciou: "Quero aqui fazer um escurecimento, ou
esclarecimento". Ela, que é parda, diz que a mudança foi iniciativa sua,
como manifestação por mais representatividade. Bolsonaristas ridicularizaram a
fala e atacaram o PT
PICANHA
A
carne é usada por Lula como exemplo de uma prosperidade que ele promete
devolver aos brasileiros mais pobres, caso volte a ser presidente. Embora ainda
conste em seus discursos, a referência passou a ser acompanhada de menções ao
consumo de vegetais e à agricultura orgânica, após reclamações de apoiadores
que militam pelo veganismo e pelos direitos dos animais
Citação
Eu melhorei meu discurso. Não falo só do pessoal voltar a comer churrasco, mas
também o pessoal vegetariano, que não come carne, poder comer uma boa salada
orgânica, estimularmos uma agricultura mais saudável no nosso país Lula (PT),
pré-candidato ao Planalto no Twitter, em fev.2022 **** Negro como VÍTIMA
A
fala do ex-presidente, no podcast de Mano Brown em 2021, de que "há uma
evolução política dos negros [...] adquirindo a consciência de que não basta
ficar achando que é vítima", foi repudiada por membros do movimento
antirracista. Eles viram reforço ao discurso de vitimismo, tido como simplista
por transferir para os alvos de preconceito a responsabilidade sobre a opressão.
Com informações do Folha de São Paulo
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