Foto reprodução-STF
O vice-presidente e corregedor do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) do Distrito Federal, Sebastião Coelho da Silva, anunciou
aposentadoria nesta sexta-feira (19), durante a sessão do plenário, afirmando
que a atitude era uma reação à sua insatisfação com o Supremo Tribunal Federal
e com o discurso de posse de Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral).
Coelho
da Silva, que também é desembargador do Tribunal de Justiça, disse que Moraes
fez uma "declaração de guerra ao país" em sua fala diante do
presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-presidentes da República, em vez de
promover uma fala de conciliação.
"Estou
nesse tribunal há 30 anos, 1 meses e 8 dias", disse Coelho da Silva,
comunicando em seguida a aposentadoria.
"Vão
me perguntar: 'Por que você vai se aposentar, Sebastião Coelho da Silva'? E eu
respondo: sr. presidente, colegas, eu há muito tempo, e eu não posso falar
outra palavra, preciso tomar cuidado com elas, há muito tempo não estou feliz
com o Supremo Tribunal Federal."
Mais
adiante, o vice-presidente e corregedor do TRE-DF disse que esteve na posse de
Moraes e afirmou que esperava que o novo presidente do TSE aproveitasse a
presença dos ex-presidentes da República, dos principais candidatos e de
Bolsonaro "para fazer um conclamação de paz para a nação".
"Mas,
ao contrário, o que eu vi, ao meu sentir, o eminente ministro Alexandre de
Moraes fez uma declaração de guerra ao país. O seu discurso é um discurso que
inflama, é um discurso que não agrega, e eu não quero participar disso."
O
desembargador afirmou que irá, em seus últimos dias de atividade, cumprir as
leis, mas não "discurso de ministro, seja ele em posse, seja em Twitter,
seja ele em redes sociais".
O
novo presidente do TSE disse que não iria se manifestar sobre o episódio.
O
sistema eletrônico de votação foi exaltado e ovacionado na posse de Moraes como
presidente do TSE. Os longos aplausos a um trecho do discurso de Moraes
ocorreram em frente a Bolsonaro, que costuma atacar as urnas eletrônicas e insinuar
que a corte pretende fraudar as eleições deste ano para lhe derrotar.
Moraes
fez um discurso com diversos recados ao chefe do Executivo, que participou da
cerimônia e ficou frente a frente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), rival na disputa deste ano.
"Somos
a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no
mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo
de orgulho nacional", disse Moraes, enquanto Bolsonaro se manteve sério,
sem aplaudir.
Em
outro trecho, o novo presidente do TSE afirmou que a liberdade de expressão não
é igual a liberdade de agressão.
"Liberdade
de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de destruição da
democracia, das instituições, da dignidade e da honra alheias. Não é liberdade
de propagação de discursos de ódio e preconceituosos", declarou o novo
presidente do TSE.
Moraes
agradeceu a presença de Bolsonaro na solenidade e disse que a cerimônia
"simboliza o respeito às instituições como único caminho para
fortalecimento" do Brasil.
"A
Justiça Eleitoral não poderia comemorar melhor e de forma mais honrosa seus 90
anos de instalação, com presença nessa cerimônia do nosso chefe de Estado e de
governo, presidente Jair Bolsonaro, presidente do Congresso, senador [Rodrigo]
Pacheco, presidente da Câmara, Arthur Lira, do nosso presidente do STF e chefe
maior do Judiciário e orgulho de todos os magistrados, Luiz Fux, bem como
ex-presidentes da República."
Com informações do folha Press
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