Os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, em julho de 2018 (Foto: Wikimedia Commons)
O presidente da China, Xi Jinping, voltou a atacar o Ocidente pelas sanções impostas a Moscou em razão da guerra na Ucrânia, classificando as punições como “bumerangues” e “facas de dois gumes” e dizendo que o Ocidente transformou a economia em uma arma. O discurso, em vídeo, foi exibido na abertura do Fórum Empresarial do BRICS, bloco que inclui ainda Brasil, África do Sul, Índia e Rússia. As informações são do jornal South China Morning Post.
“Aqueles
que usam sua posição de liderança no sistema financeiro e monetário
internacional para impor sanções de forma imprudente só acabarão prejudicando
os outros e a si mesmos e farão as pessoas em todo o mundo sofrerem”, disse o
líder do Partido
Comunista Chinês (PCC), numa clara referência aos EUA, embora sem citar seu principal
rival. “Foi provado novamente que as sanções são bumerangues e facas de dois
gumes que politizam, instrumentalizam e fazem da economia mundial uma arma”.
Ao
falar sobre o conflito
na Europa, o líder chinês citou a expansão da Otan (Organização do Tratado
do Atlântico Norte) rumo ao leste, uma das justificativas de Moscou para a
invasão da Ucrânia, e
novamente deixou implícita sua posição
pró-Rússia, que Beijing se recusa a assumir de forma oficial.
“A
crise na Ucrânia voltou a soar um alarme para o mundo: ficar obcecado com a
posição de força de alguém, expandir alianças militares e buscar segurança para
si mesmo às custas da segurança de outros países só levará a um dilema de
segurança”, afirmou Xi.
O
presidente russo, Vladimir Putin,
também falou no evento, a segunda manifestação pública a ouvintes estrangeiros
desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. E também contestou as sanções,
dizendo que elas criaram um ambiente mais desafiador para empreendedores da
Rússia e da China.
De
acordo com o líder russo, os “parceiros ocidentais negligenciaram os princípios
básicos de uma economia de mercado, livre comércio e inviolabilidade da
propriedade privada”. E, com as sanções, eles contribuíram para aumentar o
desemprego, a escassez de matérias primas, componentes e alimentos.
O
argumento de Putin vai na contramão do que alega a FAO (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que atribui a Moscou o aumento da
ameaça da fome global ao impedir que cerca de 25 milhões de toneladas
de grãos deixem a Ucrânia.
Somadas,
Rússia e Ucrânia responderam por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo
e 15% das exportações globais de milho, considerando o período entre 2017 a
2021, de acordo com o Conselho Internacional de Grãos.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano. Aquele conflito foi
usado por Vladimir
Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada
por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as
primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida
em Mariupol, no leste do país.
No
início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de
constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana,
a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se
afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar
assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos
naquela região.
Em
meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar
Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de
guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.
O
episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade
ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas
de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos
foram divulgadas
pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e
chocaram o mundo.
O
jornal The New York Times realizou uma investigação com base
em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos
mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska,
entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram
descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo
feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Fora
do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As
esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já
começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global.
Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, quase
mil empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira
temporária ou definitiva, parcial ou integral.
Os
mortos de Putin
Desde
que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve
envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com
inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de
vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai
aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na
conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso,
ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro
do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a
invasão à Ucrânia que
colocou o mundo em alerta.
Fonte: A Referência
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