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O presidente do União Brasil, Luciano
Bivar, vai lançar oficialmente sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto
em ato nesta terça-feira, 31, no momento em que a terceira via tenta acordo em torno do nome da senadora Simone Tebet (MDB).
Até mesmo em seu próprio partido, porém, Bivar é considerado um nome que entra
no páreo apenas para negociar a retirada mais adiante. As informações são de Lauriberto Pompeu/Estadão.
Integrantes
do União Brasil dizem que receberam aval do partido para apoiar o
presidente Jair Bolsonaro (PL) logo no primeiro turno. Afirmam,
ainda, que a ofensiva para ter Bivar como candidato reflete uma estratégia que
tem como objetivo rachar a terceira via e auxiliar na tentativa de reeleição
de Bolsonaro.
“Apoio
ao Bolsonaro permanece. O acordo que fiz com o partido foi para que ele me
deixasse livre para apoiá-lo”, afirmou ao Estadão o governador do
Amazonas, Wilson Lima, que trocou o PSC pelo União Brasil e vai tentar a
reeleição.
Deputado
federal por Pernambuco, Bivar já foi candidato a presidente em 2006, quando
ficou em último lugar, com 0,06% dos votos válidos. Dono do maior fundo
eleitoral e partidário, com uma cifra que se aproxima de R$ 1 bilhão, e
do maior tempo na propaganda eleitoral gratuita, o União Brasil, porém, é alvo
da cobiça de vários pré-candidatos a presidente, que vão de Ciro Gomes (PDT) a
Bolsonaro.
Em
mais de uma ocasião, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ministro da Casa
Civil, Ciro Nogueira, manifestaram o desejo de ter o novo partido - fruto da fusão
entre o DEM e o PSL - na coligação do presidente.
Na
prática, o União Brasil já abriga muitos apoiadores de Bolsonaro. A deputada
Clarissa Garotinho (RJ), por exemplo, é uma delas. Em diversas postagens nas
redes sociais, ela elogia o atual governo.
Assim
como o governador do Amazonas, Clarissa afirmou que Bivar não proibiu o apoio a
Bolsonaro. “O Bivar tem deixado a bancada muito à vontade. Ele entende que todo
mundo tem uma posição construída até aqui”, disse a deputada. “Se o Bivar for
candidato, o partido no Rio, enquanto instituição, vai apoiar a candidatura
oficial do partido, mas o Bivar tem deixado a bancada liberada.”
Inicialmente
o União Brasil fazia parte do grupo da terceira via, composto pelo MDB, PSDB e
Cidadania - legendas que se autointitularam como “centro democrático” - e dizia
estar interessado em construir uma candidatura única para se contrapor a
Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No
início deste mês, no entanto, o União decidiu sair do grupo e anunciou que
lançaria a pré-candidatura de Bivar, mesmo sem acordo com os outros partidos. O
MDB e o Cidadania já anunciaram apoio à pré-candidatura de Simone Tebet e a
tendência é que a cúpula do PSDB siga o mesmo caminho.
Como
mostrou o Estadão, a iniciativa de não se aliar às outras siglas da
terceira via ocorreu após pressão do Palácio do Planalto, que ameaçou retirar cargos
controlados por dirigentes do União.
O
líder do partido na Câmara é o deputado Elmar Nascimento (BA), padrinho
político do presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira Pinto. Relator do orçamento
de 2021, o senador Márcio Bittar (União-AC) também é, atualmente, um dos
principais aliados de Bolsonaro no Congresso. Bittar foi um dos mais
beneficiados pelo orçamento secreto. O esquema, revelado pelo Estadão,
consiste no pagamento de emendas de relator a redutos eleitorais dos
parlamentares, em troca de apoio ao governo no Congresso.
Uma
aliança formal com o PL de Bolsonaro, porém, é considerada muito difícil pela
cúpula do União Brasil por causa de arranjos estaduais. O ex-prefeito de
Salvador ACM Neto é um dos que mais tentam se descolar da imagem de
bolsonarista. Pré-candidato a governador da Bahia, onde Lula tem altos índices
de popularidade, e rival histórico do PT no Estado, Neto já disse que não dará
palanque a nenhum candidato a presidente.
“Essa
pré-candidatura não conflita com a posição de independência de cada Estado”,
afirmou o ex-prefeito de Salvador, que é secretário-geral do União Brasil. “No
nosso caso aqui na Bahia, (a decisão) é de não ter candidatura à
Presidência oficial. É deixar o palanque aberto.”
Na
prática, a ideia de lançar Bivar à sucessão de Bolsonaro atende aos interesses
de diferentes alas da legenda. Com uma candidatura própria, líderes do partido
não ficam obrigados a dar palanque para candidatos da terceira via e nem para
Bolsonaro no Nordeste, região que é majoritariamente petista. Mesmo assim, os
parlamentares e candidatos a governos estaduais têm aval da cúpula da legenda
para apoiar Bolsonaro logo no primeiro turno.
Oficialmente,
no entanto, há os que rejeitam o rótulo de candidatura de fachada do partido.
“Bivar será o presidente de todos os brasileiros, não só dos filiados do União
Brasil. Nós, inclusive, vamos contar com o apoio de simpatizantes de outros
partidos, nesta construção de uma alternativa viável para o Brasil”, disse o
deputado Celso Sabino (PA).
Em
2019, Bivar presidia o PSL, então partido de Bolsonaro. Após uma disputa pelo
comando, o presidente deixou a legenda. Tentou criar um partido, o Aliança pelo
Brasil, mas não conseguiu.
O
União Brasil também sepultou a pré-candidatura do ex-juiz da Lava Jato Sérgio
Moro à Presidência. Após rápida passagem pelo Podemos, Moro se filiou ao
União no fim de março ainda falando em construir uma candidatura ao Planalto.
Teve, porém, sua pretensão enterrada por ACM Neto e pelo governador de Goiás,
Ronaldo Caiado. Os dois ameaçaram até mesmo pedir a desfiliação dele, caso insistisse na pretensão de ser
candidato a presidente pelo União.
A
avaliação de Neto e Caiado, as duas principais apostas do União nas eleições
estaduais, é a de que a vinculação a uma possível candidatura de Moro atrapalharia
tanto quem concorre em um Estado no qual Bolsonaro tem maioria de votos quanto
quem disputa numa região considerada lulista.
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