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A adesão informal de candidatos da centro-direita a Jair
Bolsonaro (PL), que marcou a reta final do pleito de 2018, começa a ganhar novo
fôlego em 2022, faltando cinco meses para as eleições. As informações são de João Pedro Pitombo/folha de São Paulo.
Em
busca de palanques fortes que ancorem sua candidatura à reeleição em outubro,
Bolsonaro iniciou um movimento de aproximação com pré-candidatos a governador
de PSDB e União Brasil em seis estados e já recebeu apoio público em quatro
deles.
A
iniciativa do presidente empareda os partidos que nacionalmente tentam
construir uma terceira via e amplia o isolamento das possíveis candidaturas de
Luciano Bivar (União Brasil), João Doria (PSDB) e Simone Tebet (MDB).
O
apoio a Bolsonaro já foi selado em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e
Rondônia. Também há movimentos de aproximação no Ceará e na Paraíba.
Aliados
de Bolsonaro afirmam que o presidente tentará ampliar seus palanques para além
da sua coligação formal. E avaliam que o recente respiro dele nas pesquisas e a
força da máquina federal tendem a atrair candidatos da centro-direita nos
estados.
As
parcerias avançam a despeito do histórico de atritos entre Bolsonaro e
governadores que ganhou força na pandemia, quando o presidente abriu guerra
contra medidas sanitárias contra a Covid-19 e foi alvo de críticas de parte dos
gestores estaduais.
Foi
o que aconteceu em Mato Grosso, estado que tem economia ancorada no agronegócio
e tem forte viés antipetista. O governador e candidato à reeleição Mauro Mendes
(União Brasil), que havia se afastado Bolsonaro na pandemia, agora anunciou
apoio ao presidente.
A
aliança foi selada há duas semanas após uma visita de Bolsonaro a Mato Grosso.
Em entrevista à rádio Metrópole FM de Cuiabá, o presidente confirmou que apoiará
a reeleição do governador.
"Não
tem atrito entre nós, estamos em paz. Mato Grosso é um estado importantíssimo
para o Brasil, e harmonia entre eu e o Mauro Mendes interessa não só para Mato
Grosso, mas para todo mundo. Então, estamos fechados e vamos tocar o barco
aí", afirmou.
Para
selar a parceria, o presidente pediu que aliados locais como o deputado federal
José Medeiros (PL) e ao pastor Victório Galli (PTB) baixassem a temperatura nas
críticas ao governador.
Medeiros,
que é um dos mais fiéis aliados de Bolsonaro no estado, diz que não vai criar
obstáculos para a aliança: "Eu, pessoalmente, não tenho condições de
caminhar com governador. Mas não serei um empecilho para a aliança. Voto não se
joga fora."
O
acordo faz de Mauro Mendes favorito à reeleição, já que o governador não terá
adversários competitivos no campo da direita e aliados do ex-presidente Lula
seguem sem um nome para a disputa.
O
cenário é semelhante em Mato Grosso do Sul, onde o ex-secretário Eduardo Riedel
(PSDB) será candidato à sucessão do governador tucano Reinaldo Azambuja em uma
aliança com PP e PL.
Mesmo
com a pré-candidatura ao Planalto do tucano João Doria, ex-governador de São
Paulo, Riedel afirmou que está "fechado com Bolsonaro".
"Estou
em um partido que até hoje não decidiu se tem [candidato à] presidente ou não
tem. [...] Entre os projetos que aí estão, eu coloco claramente minha posição
pelo presidente Bolsonaro", disse Riedel há duas semanas em entrevista à
imprensa local.
Pré-candidata
ao Senado na chapa de Reidel, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP)
deve atuar como ponte para consolidar o apoio do presidente ao tucano.
O
movimento isola o deputado estadual Capitão Contar, que ensaia concorrer ao
governo de Mato Grosso do Sul representando o bolsonarismo raiz. Ele chegou a
se filiar ao PL, mas acabou migrando para o PRTB após se ver sem espaço para
uma candidatura majoritária no partido.
Outro
tucano que iniciou um movimento de aproximação com o presidente é o deputado
Pedro Cunha Lima (PSDB), pré-candidato ao governo da Paraíba. Na última
quinta-feira (5), ele prestigiou Bolsonaro em uma solenidade na cidade de
Itatuba (110 km de João Pessoa).
Uma
possível aliança, contudo, demandaria negociações em âmbito local, já que os
bolosnaristas lançaram o radialista Nilvan Ferreira (PL) como pré-candidato a
governador. Procurado, Cunha Lima não respondeu aos contatos da reportagem.
No
Amazonas, o governador Wilson Lima (União Brasil) também anunciou neste mês que
vai endossar a candidatura à reeleição de Bolsonaro e negocia o apoio exclusivo
do presidente.
O
endosso acontece em um momento de tensão entre Bolsonaro e o governo do
Amazonas em torno de um decreto do governo federal que altera a tributação e
reduz a competividade das indústrias de bebidas não alcoólicas da Zona Franca
de Manaus.
O
governador tenta reverter a decisão em Brasília, mas tem evitado críticas
diretas ao presidente.
Caso
a aliança se consolide, Lima deve ter Coronel Menezes (PL), ex-superintendente
da Zona Franca de Manaus e amigo de Bolsonaro, como candidato ao Senado.
Bolsonaro trabalha para derrotar o senador e candidato à reeleição Omar Aziz
(PSD), que presidiu CPI da Covid.
"É
como o presidente fala: tem a fase do namoro, do noivado e do casamento.
Estamos entrando na fase do noivado", afirma Menezes sobre a provável
aliança entre Bolsonaro e Wilson Lima.
Rondônia
é outro estado em que a União Brasil estará com Bolsonaro. Eleito governador em
2018 pelo PSL, Marcos Rocha permaneceu no partido após a fusão e mantém apoio
ao presidente.
Ele
deve dividir as atenções do presidente com o senador Marcos Rogério (PL), líder
de tropa de choque de Bolsonaro na CPI da Covid e também pré-candidato ao
governo.
Outro
possível aliado é pré-candidato ao Governo do Ceará, deputado federal Capitão
Wagner (União Brasil). Ele tem afirmado diz que trabalhará por um palanque
amplo e aberto a outros presidenciáveis apoiados por aliados.
Mesmo
sem cravar o apoio a Bolsonaro, o deputado já recebeu uma sinalização de apoio
em agosto do ano passado, quando o presidente visitou o estado: "Tenho
certeza que, assim como o Brasil tem um capitão, o Ceará terá brevemente um
capitão também".
O
governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), iniciou um movimento de
reaproximação. Mas enfrenta desgaste entre as alas mais radicais do
bolsonarismo após ter rompido com o presidente em meio a divergência sobre o
enfrentamento à pandemia.
Dias
atrás Caiado participou de um ato com Bolsonaro em Goiás e foi vaiado. Na
última quarta-feira (4), o presidente comentou sobre a situação com apoiadores
na saída do Palácio da Alvorada: "Eu não tenho culpa disso não, tá? Ele
colhe o que ele planta. Político colhe o que ele planta".
Para
o secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, a aproximação com Bolsonaro em
alguns estados não é uma surpresa, já que cada diretório tem liberdade para
adotar a estratégia seja mais adequada. Ele nega que haja um movimento
coordenado dentro do partido para apoiar o presidente.
"O
que eu posso assegurar que não existe nenhum tipo de orientação partidária nacional
de aproximação nem de distanciamento com ninguém. [...] Essa não é uma
tendência ou uma articulação nacional. O que existe é liberdade total para cada
estado seguir o seu caminho", diz, o ex-prefeito de Salvador.
Pré-candidato
ao governo da Bahia, ACM Neto diz que manterá o seu palanque aberto e deve
permanecer neutro na eleição nacional, mesmo com a possível candidatura de
Luciano Bivar.
Procurado,
o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, preferiu não comentar sobre a
adesão de tucanos à candidatura de Bolsonaro.
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