Deputados
federais do PT querem que o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União
Brasil) seja condenado a ressarcir os cofres públicos por alegados prejuízos
causados à Petrobras e à economia brasileira por sua atuação à frente da
Operação Lava Jato. As informações são de Marcelo Rocha /Folha de São Paulo
O
pedido é o foco de uma ação judicial apresentada nesta quarta-feira (27) e
distribuída à 2ª Vara Federal Civil de Brasília. Os petistas não estipularam o
valor da indenização a ser pago em caso de condenação.
"O
ex-juiz Sergio Moro manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como
mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais",
afirma o documento.
"O
distúrbio na Petrobras afetou toda a cadeia produtiva e mercantil brasileira,
principalmente o setor de óleo e gás."
A
iniciativa da ação é dos deputados petistas Rui Falcão (SP), Erika Kokay (DF),
Natália Bonavides (RN), José Guimarães (CE) e Paulo Pimenta (RS).
Em
nota enviada por sua assessoria de imprensa, Moro afirmou que "o governo
do PT foi manchado pelos maiores escândalos de corrupção da história".
"A
gestão desastrosa do PT quase quebrou a Petrobras e o país. O que prejudicou a
economia e eliminou empregos foi a corrupção, e não o combate a ela."
Diz
ainda o comunicado que, com a ação popular, líderes do PT demonstram sua
disposição em querer inverter os valores da sociedade e perseguir quem combateu
a corrupção.
"É
um prenúncio da perseguição que irão realizar caso ganhem as eleições,
instaurando um regime autoritário e corrupto."
Representados
por advogados ligados ao grupo Prerrogativas, os cinco parlamentares do PT
afirmam que, ao contrário do respeito aos limites legais e à obrigação de imparcialidade,
Moro teve "condutas profundamente alheias aos ditames imponíveis à
atividade judicial".
Alegam
que desvios de finalidade, excessos e abusos cometidos ao longo da Lava Jato,
sobretudo em decorrência da "atuação viciada" do ex-juiz,
"resultaram em perdas e danos muito superiores ao interesse público",
o que produziu "um cenário de desarranjo econômico de altíssimo custo
social em nosso país".
"A
sanha persecutória do magistrado condutor da 'Lava Jato' atrofiou as cadeias
produtivas dos setores de óleo e gás e construção civil, reduzindo-as a uma
fração ínfima do que subsistia anteriormente", afirmam os representantes
do PT.
Para
dar suporte às acusações, o grupo cita levantamentos realizados por diferentes
entidades, entre eles um mencionado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF
(Supremo Tribunal Federal), por ocasião do julgamento que anulou condenação
imposta a Lula no caso tríplex de Guarujá, no ano passado.
O
magistrado fez referência a um estudo da professora Rosa Maria Marques, da PUC
de São Paulo, baseado em pesquisa do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
"Esse
estudo mostra também que se estima que a Lava Jato retirou cerca de R$ 142,6
bilhões da economia brasileira. A operação produziu, pelo menos, três vezes
mais prejuízos econômicos do que aquele que ela avalia ter sido desviado com a
corrupção. Isso fora os milhões de desempregos que esta operação causou",
afirmou Lewandowski no ano passado.
De
acordo com informações disponibilizadas pelo Ministério Público Federal, o
saldo de recuperação da Lava Jato no Paraná inclui R$ 4,3 bilhões em valores
recuperados e devolvidos aos cofres públicos (União, Petrobras e outros) e R$
14,8 bilhões em multas compensatórias decorrentes de delações premiadas e
acordos de leniência.
Um
outro levantamento mencionado na ação popular, de responsabilidade do Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em
parceria com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), aferiu o impacto da Lava
Jato no mercado de trabalho nacional.
"A
análise dos dados demonstra que mais de 4,4 milhões de empregos foram ceifados
nos mais diferentes setores", dizem os autores do pedido com base na
pesquisa do Dieese.
Os
petistas imputam também a Moro uma série de atos ilegais na condução dos
trabalhos. Afirmam que o ex-juiz autorizou a interceptação e monitorou
conversações telefônicas de advogados, "com o claro objetivo de
bisbilhotar e saber antecipadamente a estratégia defensiva".
Dizem
que Moro determinou a "espetaculosa condução coercitiva de alguém que
jamais deixou de atender às intimações judiciais", numa referência ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com os deputados, houve emprego de "um aparato militar cinematográfico e com a evidente finalidade de abalar sua imagem e presunção de inocência".
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