O ex-juiz Sérgio Moro voltou a defender a importância de uma terceira via nas eleições presidenciais e fez críticas a decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) em uma sabatina em Boston, nos Estados Unidos, neste sábado (9). As informações são de Rafael Balago/FolhaPress.
"Sobre
o Supremo Tribunal Federal, tenho um grande respeito pela instituição. Não vou
ficar defendendo ofender ministros, invadir o prédio do Supremo, sou uma pessoa
institucional. O Supremo deu um grande apoio à Operação Lava Jato e
infelizmente, nos últimos anos, tem proferido decisões que têm sido lamentáveis
e infelizes", disse o ex-juiz, durante evento na Brazil Conference. O
encontro é realizado por estudantes de Harvard e do MIT.
"Quando
o Supremo pegou os casos de corrupção e começou a mandar para a Justiça
Eleitoral, a gente sabia que não ia dar em nada. A Justiça Eleitoral não está
preparada para julgar casos de corrupção e lavagem de dinheiro", disse
Moro.
O
ex-juiz voltou a defender a importância de uma terceira via nas eleições de
2022. "Nunca coloquei meu nome como ambição pessoal. Há uma necessidade de
união do centro. Meu nome está à disposição. Quem vai decidir será o partido, e
especialmente o [presidente] Luciano Bivar", disse.
"É
importante que o candidato do centro seja competitivo. Meu nome estava em
terceiro lugar nas pesquisas."
Na
semana passada, Moro deixou o Podemos e migrou para a União Brasil, partido
formado a partir da fusão de PSL e DEM. Inicialmente, disse que desistiria de
tentar a Presidência, mas no dia seguinte voltou a ventilar a ideia.
Isso
irritou parte da União Brasil, que chegou a propor a desfiliação do ex-juiz.
Por fim, o comando do partido divulgou uma nota dizendo que o projeto de Moro
teria como foco o estado de São Paulo.
"É
importante que a sociedade civil e o setor privado se posicionem e digam o que
esperam do futuro do país. Há realmente o desejo de se ter uma via democrática
frente aos dois extremos? Se há isso, as pessoas precisam se erguer e se
manifestar", prosseguiu.
Perguntado
pela Folha, após o evento, se pretendia convocar atos nas ruas, Moro disse que
"tudo pode acontecer no país de 2022". "O que a gente vê é uma
grande insatisfação com essa polarização. As pessoas podem se levantar. Não
coloquei que eu organizaria. E 'levantar' não significa necessariamente sair às
ruas."
No
evento, Moro se irritou ao ser questionado pelo advogado Augusto de Arruda
Botelho sobre o vazamento de mensagens entre ele e procuradores que atuavam na
Operação Lava Jato. Botelho pediu que ele comentasse uma troca de mensagens em
que o procurador Deltan Dallagnol teria proposto forjar uma denúncia anônima
para forçar uma testemunha a depor. Moro teria dito apenas "melhor
formalizar isso".
Para
Botelho, ao não repreender a prática, o ex-juiz pode ter colaborado com o crime
de falsidade ideológica.
Moro
disse que não houve formalização de denúncia por parte daquela testemunha e
chamou o caso de "fantasia". "Ninguém foi incriminado com base
em prova fraudada na Lava Jato. Nada nas mensagens mostram que um inocente foi
condenado indevidamente. Não houve conluio ilícito entre juizes, procuradores e
advogados", retrucou Moro.
Em
outros momentos da sabatina, que durou pouco mais de uma hora, o ex-juiz também
defendeu a posse de armas em casa, o fim da reeleição e do foro privilegiado e
a volta da prisão após condenação em segunda instância. "Temos que
respeitar o desejo das pessoas de ter armas em casa, com o cuidado de que elas
não caiam nas mãos do crime organizado."
Na
sexta (8), Moro havia dito, em um evento em Washington, que segue com interesse
em disputar a Presidência da República, mesmo após seu novo partido, a União
Brasil, ter descartado essa opção.
"Eu
não posso ir para um novo partido e dizer 'oh, sou o candidato presidencial'.
Mas meu nome está disponível para esta posição ou outra que eles entendam que
possamos trabalhar. Mas já disse que não serei candidato a deputado
federal", afirmou, em entrevista ao Atlantic Council, centro de pesquisas
na capital dos EUA.
Durante
a manhã deste sábado, houve outra sabatina, com o ex-presidente Michel Temer.
Ele disse considerar "inevitável" que o candidato eleito em outubro
tome posse, pois a sociedade brasileira não toleraria uma ruptura
institucional.
Sobre
a aliança entre Lula e Geraldo Alckmin, selada na sexta-feira, Temer considera
que o petista teve mais vantagens. "Não sei se a aliança com Lula foi boa
para Alckmin", disse.
Questionado
se Alckmin pode ser para Lula o que Temer foi para a ex-presidente Dilma
Rousseff, ele disse que, caso isso ocorra, será algo bom. "Pondo a
modéstia de lado, se o Geraldo Alckmin for igual a mim, acho que o Lula vai ter
uma grande vantagem."
Temer minimizou sua participação na queda da petista, em 2016. "Não houve golpe coisa nenhuma. Nossa chegada ao governo não se deveu a mim, mas aos milhões de pessoas que foram às ruas pleitear a queda da senhora ex-presidente", disse.
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