Por:
Taciano Gustavo Medrado Sobrinho
Professor, Engenheiro Agrônomo, Bacharel em Administrador e Matemático
Nos meus quase 61 anos de vida, destes um pouco mais de 2/3 acompanhando a politica no Brasil, vi no dia 10 de Fevereiro de 1980 surgir um partido que prometia lutar pelos interesses da classe trabalhadora, tanto que se intitulou de Partido dos Trabalhadores -PT, nessa época eu ja havia concluído o ensino médio e adentrava a Faculdade.
Passados 42 anos da sua fundação percebemos que os petistas se perderam ao longo da sua caminhada. De um partido que defendia os menos favorecidos e a bandeira dos trabalhadores seus lideres passaram a constituir em classe privilegiada enquanto os menos favorecidos continuaram menos favorecidos. O seu líder maior, um ex-metalurgico do ABC chega a presidência da república e se inebria com as benesses do poder e esquece suas origens. Passa a gostar das comida exóticas, viajar de aviões em primeira classe, e os menos favorecidos continuam os mesmos.
Certa feita, o líder dos petistas ja na condição de mandatário da república, em uma viagem presidencial em companhia de Palocci, então seu ministro á época e delator na operação lava jato, se irritou ao lhe ser servido como almoço um sanduiche de atum em pleno voo e devolveu . Para quem estava acostumado a comer "boia fria ' como metalúrgico, comer um sanduiche de atum era uma regalia para poucos.
Recentemente, este ano de 2022, como pré-candidato a presidência da republica , em uma visita ao MST, ao se dirigir para discursar, o mesmo líder petista ao ver um pequeno tablado de madeira de pouco mais de 30 cm de altura que haviam improvisado para ele, se irritou e se recusou a subir. Para quem nos tempos de arruaceiro fazendo manifestações em frente as fábricas no ABC paulistas subia em fuscas velhos, o "líder' ficou chique. Aflora o fenômeno chamado Solipsismo dos petista.
Calma! antes que vocês estranhem, essa palavra nova, o professor Lenio Streck (2017a), vai nos ensinar o seu significado:
Segundo o emérito professor, o sujeito solipsista assujeita o mundo conforme seu ponto de vista interior. "Epistemologicamente, o Solipsismo representa o coroamento da radicalidade do indivíduo moderno em seu sentido mais profundo. Isso quer dizer que o solipsismo é, de certa forma, o resultado da própria modernidade, ou seja, derivado do paradigma filosófico que encontrou na subjetividade do homem o ponto de fundamentação última para todo o conhecimento do mundo. Trata-se de um fundamentum incocussum absolutum veritatis, um fundamento definitivo e indubitável que sustenta todo o conhecimento possível, encontrando a sua morada a partir das meditationes de Prima Philosophia de Descartes, na subjetividade individual do Sujeito" (STRECK, 2017a, p. 273)
A superação de um realismo filosófico, onde uma illuminatio divina se sobrepõe à razão humana, ou seja, de que o conhecimento humano é apenas o fornecido e autorizado por Deus, se deu através de uma ruptura histórico-filosófica, na qual ocorre uma busca da explicação sobre os fundamentos do homem, e essa ruptura deu-se com o iluminismo e com o antropocentrismo resultante de seus avanços (STRECK, 2017b). No entanto essa ruptura não foi suficiente, pois a transferência da sujeição do homem às estruturas da metafísica religiosa para a sujeição das coisas à razão do indivíduo, apesar de representar um enorme avanço criou uma hipertrofia em relação ao sujeito, especificamente em relação à consciência (STRECK, 2017b). Isso pois a crítica iluminista (desenvolvida por Kant) ligou o transcendental à figura do sujeito, que consequentemente passou a ser o lugar último e único fundamento da verdade.
Referência
STRECK,
Lenio. Dicionário de Hermenêutica: quarenta temas fundamentais da teoria do
Direito à luz da crítica hermenêutica do Direito. Belo Horizonte (MG):
Letramento, 2017a.
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