O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou neste domingo (24) que as Forças Armadas têm sido "orientadas" a atacar o processo eleitoral. As informações são de Matheus Teixeira/fola de São Paulo .
Sem
mencionar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o magistrado, que é um dos
principais alvos de ataques do chefe do Executivo, disse que há um esforço para
levar as Forças Armadas ao "varejo da política" e que isso seria uma
"tragédia" para a democracia.
"Desde
1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas,
seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para
atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas
para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?", questionou.
O
ministro, porém, elogiou o Exército e disse que não houve nenhuma "notícia
ruim" sobre a instituição desde a redemocratização.
Barroso
citou o desfile de tanques na Esplanada dos Ministérios no dia da votação da proposta
que visava instituir o voto impresso no país, que acabou sendo derrotado e era
criticado por ministros do STF.
"Um
desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória. Ataques totalmente
infundados e fraudulentos ao processo eleitoral", disse.
As
declarações do ministro foram dadas no "Brazil Summit Europe 2022",
em evento realizado por uma universidade da Alemanha.
Quando
era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Barroso travou diversos
embates com Bolsonaro e foi o responsável por convidar, ano passado, as Forças
Armadas a participarem de uma comissão de acompanhamento das eleições a fim de
dar transparência ao sistema eletrônico de votação. A reportagem é de Matheus Teixeira/Folha de São Paulo
Quando
comandou a corte eleitoral, o magistrado liderou uma série de medidas para se
contrapor a Bolsonaro em relação aos ataques à urna eletrônica. O magistrado
demonstrou otimismo em relação ao comportamento do Exército.
"Tenho
a firme expectativa de que as Forças Armadas não se deixem seduzir por esse
esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de Estado,
que é o universo da fogueira das paixões políticas. E, até agora, o
profissionalismo e o respeito à Constituição têm prevalecido", disse.
O
magistrado citou generais que participaram do governo Bolsonaro.
"Não
se deve passar despercebido que militares profissionais admirados e
respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz,
general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três
comandantes, todos, foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha
acontecido", completou Barroso.
O
ministro disse que há uma ascensão do "populismo" no mundo e afirmou
que os ataques a cortes constitucionais não se restringe ao Brasil.
Barroso
mencionou, ainda, o risco de haver um retrocesso na democracia brasileira.
"É preciso ter atenção a esse retrocesso cucaracha de voltar à tradição
latino-americana de colocar Exército envolvido com política", disse.
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