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Da Redação
A
Suprema Corte de Justiça de Honduras autorizou na 2ª feira (29.mar.2022) a
extradição do ex-presidente Juan Orlando Hernández, 53 anos, para os Estados
Unidos, onde ele será processado por tráfico de drogas, com possibilidade de
ser condenado à prisão perpétua.
Autoridades
americanas haviam solicitado a extradição de Hernández em 14 de fevereiro
devido à acusação de enviar em torno de 500 toneladas de cocaína para os EUA
desde 2004. Um dia depois –menos de um mês após deixar a presidência de
Honduras, em 27 de janeiro–, ele foi capturado e, desde então, permanece detido
no quartel das forças especiais da polícia. Com a decisão, agentes americanos
podem buscá-lo a qualquer momento.
A
Suprema Corte hondurenha julgou improcedente um recurso de Hernández depois de
decisão judicial para a sua extradição a partir de um pedido feito por uma
corte de Nova York. Em Tegucigalpa, capital de Honduras, o ex-presidente teve a
extradição autorizada por três delitos: conspiração para importar e distribuir
substância controlada; uso e porte de armas de fogo; e conspiração para o uso
de armas de fogo. No caso da extradição, o acusado só pode ser julgado pelos
crimes autorizados pelo sistema judiciário do país de origem.
“A
decisão do juiz de primeira instância de conceder a extradição de Juan Orlando
Hernández está confirmada”, declarou o porta-voz do Poder Judiciário, Melvin
Duarte, depois da decisão, que não está mais sujeita a recurso.
O
irmão do ex-presidente, Tony, 43 anos, foi condenado à prisão perpétua em março
de 2021, nos Estados Unidos, por tráfico de drogas. A partir do julgamento de
Tony, que também atuou na política de Honduras, as autoridades americanas
chegaram às suspeitas de Juan Orlando. Por cumplicidade, um ex-chefe de polícia
hondurenho também pode passar pelo mesmo processo que os irmãos Hernández.
Presidente
de Honduras entre 2014 e 2022, Juan Orlando Hernández é acusado de facilitar o
tráfico de cocaína principalmente a partir da Colômbia e da Venezuela. Segundo
promotores americanos, ele recebeu milhões de dólares de traficantes em troca
de proteção, inclusive de um dos maiores chefes do tráfico de drogas, o
mexicano Joaquin “El Chapo” Guzman, também condenado à prisão
perpétua nos Estados Unidos.
Hernández
se diz inocente
Por
meio de uma carta escrita na prisão onde está detido desde a metade de
fevereiro, Juan Orlando Hernández disse que é “inocente” e “vítima
de vingança e conspiração”. Ele também escreveu que tem certeza de que “Deus
fará justiça”, destacou que vive um momento “doloroso” e difícil por “estar
separado” de seus familiares: “Três sentenças de prisão perpétua
podem fazer de mim um morto-vivo”, afirmou.
“Nunca
pensei que a luta pela paz para nós, hondurenhos, nos levaria a ser conhecidos
como um narcoestado. Eu sabia que esta luta não seria fácil, que teria muitos
riscos”, disse Hernández
Inicialmente,
os Estados Unidos conceituaram o então presidente como um aliado na luta contra
o tráfico de drogas – e foi um dos primeiros países a reconhecer sua reeleição
em 2017, quando a oposição alegou fraude em meio a protestos que deixaram cerca
de 30 pessoas mortas em Honduras.
Depois
da divulgação do veredicto, um dos advogados de Hernández, Felix Ávila,
declarou que “esta é uma decisão da Suprema Corte, e o fato de não
concordamos com ela não significa que ela seja ilegal”.
A
família de Hernández também divulgou um comunicado no qual afirma que a decisão
da Suprema Corte de Honduras não é uma condenação criminal: “Estamos
prontos e confiantes de que seremos capazes de mostrar à Justiça dos EUA que as
acusações são um plano de vingança de narcotraficantes hondurenhos cujo império
de crime e violência foi destruído por Juan Orlando”.
Com informações da emissora internacional de jornalismo da Alemanha Deutsche Welle (DW)
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