O governo dos EUA, através de seu Departamento do Tesouro, anunciou na quinta-feira (24) a inclusão de mais de 400
indivíduos e entidades, todos considerados aliados do presidente russo Vladimir
Putin, à lista de sanções financeiras impostas em virtude da guerra na Ucrânia. As informações são do A Referência.
Em
comunicado, o Tesouro afirmou que a relação “inclui dezenas de empresas de
defesa russas, 328 membros da Duma Estatal Russa e o chefe da maior instituição
financeira da Rússia”, no caso, Herman Gref, diretor do Sberbank.
“Essa
ação se alinha com ações semelhantes adotadas pela União
Europeia (UE), Reino Unido e Canadá e reflete a unidade contínua
para responsabilizar
Putin por sua guerra de escolha”, diz o texto.
Outro
oligarca inserido na lista é Gennady Nikolayevich Timchenko, importante aliado
de Putin e líder do grupo financeiro Volga. A mulher dele, Elena Petrovna
Timchenko, e a filha, Natalya Browning, foram igualmente listadas. A nova leva
de sanções também atinge Ksenia Gennadevna Frank, membro do grupo Volga, e
o marido dela, Gleb Sergeevich Frank.
No
total, 340 membros da Duma (a câmara baixa do parlamento russo) já foram
sancionados pelos EUA, sendo que outros 12 entraram na relação no dia 11 de
março. Eles são acusados de “apoiar as violações do Kremlin da soberania e
integridade territorial da Ucrânia, inclusive por meio de tratados que
reconhecem a autoproclamada independência das áreas controladas por
representantes russos do leste da Ucrânia, as chamadas República Popular de
Donetsk (RPD) e República Popular de Luhansk (RPL)”.
As
mais recentes sanções atingem, ainda, 48 empresas ligadas aos serviços de defesa
da Rússia. Segundo o documento, essas companhias “produzem armas que foram
usadas no ataque da Rússia contra o povo, a infraestrutura e o território da
Ucrânia”. O Tesouro afirma que a inclusão na lista visa a produzir um “efeito
profundo e duradouro na base industrial de defesa da Rússia e em sua cadeia de
suprimentos”.
O Secretário
de Estado Antony Blinken também comentou as sanções. “Com nossos
parceiros e aliados, os Estados Unidos pretendem atingir o coração da
capacidade da Rússia de se engajar na guerra e realizar agressões
contra outros países, incluindo a Ucrânia”, disse ele em comunicado
oficial. “Continuaremos a impor custos até que Putin encerre esta guerra não
provocada contra a Ucrânia”.
No
mesmo texto, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou que Washington
aprovou um apoio extra à segurança da Ucrânia no total de US$ 800 milhões,
totalizando US$ 1 bilhão entregues a Kiev somente nas últimas duas semanas,
para fortalecer as defesas do país contra a agressão russa.
Sanções
britânicas
O
Reino Unido também anunciou 65 novas sanções na quinta-feira (24),
segundo comunicado da ministra das Relações Exteriores Liz Tuss. Como no caso
dos EUA, os alvos são indústrias estratégicas, bancos e a elite empresarial
russa.
Um
nome que se destaca na relação britânica é o do Wagner Group, misteriosa
organização paramilitar privada acusada de cometer crimes de guerra em
conflitos dos quais participou em diversas partes do mundo. Na Ucrânia,
suspeita-se que esses mercenários tenham sido encarregados do assassinato do
presidente Volodymyr Zelensky, de acordo com o site noticioso europeu Politico.
Paralelamente
às sanções, o governo britânico anunciou que oferecerá ao Tribunal
Penal Internacional (TPI) apoio militar, policial e financeiro para
reforçar as investigações de eventuais crimes
de guerra cometidos por tropas russas sob o comando do presidente
Vladimir Putin.
“Um
adicional de 1 milhão de libras em financiamento será fornecido, e soldados com
experiência militar serão designados ao TPI para ajudar a descobrir evidências
de crimes de guerra”, diz um comunicado oficial,
que fala ainda em “ajudar a descobrir evidências de tais crimes e, finalmente,
buscar justiça”.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site
independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde
o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev,
que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações
ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora
do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de
todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas
principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o
país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos
de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema
e música.
De
acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o
isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o
líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin
está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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