Da
redação
O Wagner Group, uma misteriosa
organização de mercenários russos, comumente noticiada pela sua presença em
conflitos armados em diversos países, ganhará holofotes diferentes na mídia em
2022. Está previsto para o dia 4 de janeiro o lançamento na Rússia do filme ‘Granit’
(“Granito”, sem tradução para o português), que retrata a empresa militar
privada sob a narrativa de “russos salvando africanos”. As informações são do
portal militar Sofrep.
A
perspectiva de mostrar os combatentes como heróis do povo africano desafia a
realidade, considerando o histórico de abusos dos direitos humanos da milícia
que participou de lutas
armadas na Líbia, Síria, República Centro-Africana, Ucrânia e Moçambique. O
lançamento ocorrerá na próxima terça-feira, no canal estatal NTV.
A
produtora responsável por ‘Granit’ é a Aurum Films, de propriedade do
magnata do setor gastronômico vinculado ao Kremlin Yevgeny Prigozhin, conhecido
como o “chef de Putin” devido a muitos de seus contratos de fornecimento de
refeições ao governo. Ele também é apontado como o proprietário do Wagner
Group, acusação que rechaça.
Mesmo
assim, há evidências que sugerem o contrário. Prigozhin e Aurum estiveram
juntos na produção de dois filmes que reverenciam membros de organizações
militares privadas na Rússia. O primeiro foi “O Turista”. De acordo com o
jornal independente The Moscow Times, que entrevistou o diretor do longa,
Denis Neymand, a trama retrata o trabalho de instrutores russos na turbulenta
região de Cabo Delgado,
em Moçambique, e seria “baseada em acontecimentos reais que realmente
aconteceram em 2019”.
“O filme foi totalmente baseado numa empresa militar privada russa em
Moçambique. Tudo isso aconteceu na vida real”, disse Neymand.
O diretor ainda declarou à reportagem que “não era segredo” durante as
filmagens, que tiveram como locação a República Centro-Africana (CAR, na sigla
em inglês), que os mercenários que serviram de base para o filme pertenciam
ao Wagner Group. Moscou já negou repetidas vezes que a milícia tenha
qualquer ligações com o Kremlin.
Segundo
Neymand, o grupo não foi identificado na obra “porque realmente não importa
qual empresa militar privada opera lá. O filme mostra como os russos ajudam os
africanos contra as forças do mal”, garante.
O filme, que é dedicado “aos nossos rapazes russos” nos créditos, tem início
como uma cena que mostra terroristas do Estado Islâmico (EI)
destruindo uma aldeia em Cabo Delgado e influenciando dois homens, José e Luís,
a aderirem à organização extremista sob pena de sofrerem o mesmo destino que os
aldeões que perderam a vida no ataque.
Diante
da situação, a trama prossegue com o governo de Moçambique pedindo ajuda
militar à Rússia, que envia uma companhia militar privada liderada pelo Capitão
Granit, que rastreia os terroristas pela selva. Lá eles encontram Jose, que
escapou dos terroristas, mas está preocupado com seu irmão, mantido como
prisioneiro dos jihadistas.
‘Granit‘
é recheado de efeitos especiais, cenas de batalha e embalado por uma trilha
sonora dramática.
Organização
obscura
O Wagner
Group é um grupo paramilitar privado cercado de mistério. Não há
informações precisas sobre a misteriosa organização, mas há indícios de que ao
menos dez mil pessoas já integraram o grupo, cuja primeira empreitada de que se
tem notícia foi em 2014, quando se aliou a separatistas pró-Rússia contra o
governo da Ucrânia. Desde então, há sinais de presença dos mercenários em
conflitos em diversos países, como Líbia, Síria, Sudão, Moçambique e República
Centro Africana.
Em
agosto, um tablet
perdido ajudou a expor os segredos da organização. Uma reportagem da
rede britânica BBC teve
acesso ao equipamento, que expõe a participação da milícia na guerra civil
da Líbia, sugere a
proximidade entre associados do grupo e o governo russo e dá
fortes indícios de que os mercenários são responsáveis por inúmeros crimes de
guerra.
O
governo russo nega qualquer vínculo com o Wagner Group, mas um mercenário
ouvido pela BBC sugere
o oposto. Ele afirmou que a organização “é uma estrutura que visa promover
os interesses do Estado para além das fronteiras do nosso país”. E classificou
os combatentes como “profissionais da guerra”, pessoas em busca de emprego ou
apenas “românticos que querem servir seu país”.
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
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