Da redação
O
segundo semestre de 2021 foi uma época de poucos ganhos e muitas perdas para os
bilionários brasileiros. Considerando o período de 21 de junho a 21 de
dezembro, os 15 principais bilionários do país viram a sua fortuna conjunta
cair US$ 28,3 bilhões, equivalente a R$ 162,4 bilhões, segundo estimativas da
Forbes. O seu patrimônio conjunto deles é de aproximadamente US$ 116,4 bilhões,
ou R$ 430 bilhões. As informações são da Revista de economia Forbes.
Em
termos absolutos, a maior queda foi de Jorge Paulo Lemann, que viu o seu
patrimônio líquido ir de US$ 20,6 a US$ 15,6, um recuo de US$ 5 bilhões. O
empresário é cofundador da Ambev (ABEV3), empresa que viu uma desvalorização de
mais de 17% nos seus papéis durante o período, e que figura entre as ações que
mais caíram nos últimos cinco anos.
Como
comentou Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office, em
entrevista à Forbes em setembro: “Observamos uma taxa de crescimento do consumo
de cerveja cada vez menor e tendência a cervejarias mais saudáveis e
especializadas.”
Lemann,
que antes era o brasileiro mais rico do mundo, agora ocupa a segunda posição da
lista. Os demais cofundadores da Ambev, Marcel Herrmann Telles e Carlos
Alberto Sicupira, sofreram quedas menos dramáticas. Telles saiu de US$ 13,3
para US$ 10,8, um recuo de US$ 2,5 bilhões, enquanto o patrimônio de Sicupira
caiu em US$ 2,3 bilhões, de US$ 10,4 para US$ 8,1.
Em
termos relativos, porém, foi Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, que
viu a maior redução na sua fortuna. Ao longo dos últimos seis meses, a
empresária perdeu quase 70% do seu patrimônio líquido, saindo de US$ 5,3
bilhões para US$ 1,4 bilhões. Essa redução acompanhou o desempenho das ações do
Magalu (MGLU3), que caíram 69% desde junho.
Para
Pedro Serra, gerente da Ativa Investimentos, é natural que o varejo digital apresente
queda em 2021. Isso ocorre devido à reabertura da economia, que faz com que
consumidores voltem a gastar com restaurantes e viagens, diminuindo o consumo
no varejo, e às altas na taxa de juros vistas nos últimos meses.
Franco
Bittar Garcia, neto de Luiza Trajano, também teve perdas expressivas: seu
patrimônio caiu de US$ 3,5 bilhões para menos de US$ 1 bilhão. Agora, o
herdeiro não figura mais entre os bilionários da lista norte-americana Forbes
Real Time Billionaires, apesar de ainda estar incluído na lista brasileira, que
considera as fortunas em reais.
Apesar
do recuo, a Magalu contou com alguns momentos de sucesso durante o período,
como foi o caso da aquisição da plataforma de e-commerce Kabum!. Em apenas 24
horas, a família Trajano viu o seu patrimônio conjunto subir US$ 1,2 bilhão,
equivalente a mais de R$ 6 bilhões.
Além
dos Trajano, outros nomes foram rebaixados a posições de menor destaque, como é
o caso de Luiz Frias, presidente do Grupo Folha e do conselho do
PagSeguro. A sua fortuna, que era de US$ 4,7 bilhões em junho, caiu
praticamente pela metade, para US$ 2,2 bilhões em dezembro. As ações do
PagSeguro (PAGS), negociadas em Nova York, acumulam queda de 53% no período.
Esse
também é o caso de Candido Pinheiro Koren de Lima, fundador da rede de
saúde Hapvida, que viu sua fortuna cair de US$ 4,3 para US$ 2,8 bilhões. Embora
a Hapvida (HAPV3) tenha sido um dos destaques do setor de saúde em 2021, concluindo cinco aquisições no ano,
as suas ações recuaram 26%, principalmente por conta de aspectos
macroeconômicos do país.
Já Eduardo
Saverin, cofundador do Facebook (agora chamado de Meta Platforms) e atualmente
o brasileiro mais rico do mundo, viu uma mudança pequena na sua fortuna desde
junho: de US$ 18,7 bilhões, ele passou para US$ 18,4 bilhões. Além de ter seu
patrimônio líquido atrelado à gigante de tecnologia, cujas ações subiram pouco
mais de 1% no período, ele também é sócio da empresa de venture capital B
Capital.
Os
ganhos, por outro lado, foram tímidos. Dentre os 15 brasileiros mais ricos do
mundo, apenas quatro viram a sua fortuna aumentar. Esse foi o caso, por
exemplo, de Joesley e Wesley Batista, donos do Grupo JBS (JBSS3), cujos
patrimônios foram de US$ 3,4 para US$ 3,9 bilhões.
A
JBS, de maneira geral, passou sem maiores turbulências pela pandemia da
Covid-19. A demanda mundial por carne continuou forte, a alta do dólar
impulsionou as receitas e a carne também ficou mais cara nos EUA, com o
fechamento temporário de diversos frigoríficos pela disseminação do vírus no
país. As ações da empresa acumulam alta de 34% desde junho.
Luciano
Hang, dono da Havan, ganhou US$ 200 milhões e viu o seu patrimônio líquido
passar de US$ 2,9 para US$ 3,1 bilhões. O avanço surgiu apesar do plano
mal-sucedido da empresa de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em
inglês) em agosto, o segundo desde 2020. Já Miguel Krigsner, dono do Grupo
Boticário, saiu de US$ 2,5 bilhões em junho e encerrou o ano com US$ 2,9
bilhões.
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