Da redação
Mulheres
que faziam ato contra a repressão de gênero nas ruas de Cabul foram
surpreendidas pela violência dos insurgentes
Militantes
do Taleban teriam
feito disparos de alerta contra um grupo de mulheres que protestava em Cabul
contra a repressão de gênero, nesta terça-feira (28). A manifestação ocorreu
poucos dias após a organização islâmica que controla o Afeganistão ter
anunciando restrições que
impedem mulheres de viajarem sozinhas, informou a Radio
Free Europe.
Entre
as manifestantes estava Tamna Siddiqui, que relatou o uso de violência por
parte dos jihadistas para
desfazer a aglomeração. A ação teria ferido diversas mulheres que gritavam as
palavras “trabalho, pão e liberdade” e carregavam faixas com os dizeres
“Estamos cansadas de discriminação” e “Somos a voz de pessoas famintas”.
A
agência local de notícias Asvaka relatou que o incidente ocorreu perto do
hospital da organização humanitária italiana Emergency, mas não deu
informações sobre número de vítimas ou feridos.
As
manifestações vêm na esteira das medidas anunciadas pelo Taleban no domingo (26), que
proíbem as mulheres de viajarem longas distâncias sem que estejam acompanhadas
por um homem da família. A determinação, que veio junto de um pacote linha-dura
de novas regras do regime extremista, é o mais recente episódio da opressão
imposta pelo Ministério da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício às afegãs.
Canais
de televisão afegãos transmitiram imagens do protesto:
Os
talibãs, que após a tomada do poder central, em agosto, prometeram maior
abertura e respeito à liberdade
de expressão, têm escancarado suas contradições. O Ministério de Assuntos
da Mulher do antigo governo foi fechado, o que restringiu expressivamente os
direitos das mulheres. A maioria foi proibida de trabalhar e teve vetado o
direito à educação.
De
acordo com a rede Voice
of America (VOA), o governo permitiu que estudantes voltassem às
aulas, mas meninas que residem em muitas províncias afegãs ainda aguardam
permissão para fazê-lo, enquanto a maioria das mulheres foi impedida de voltar
ao trabalho.
“As mulheres não podem viajar sozinhas ou ir a escolas e faculdades. Esse tipo
de pensamento retrógrado é perigoso”, comentou nesta segunda-feira (27) o
ministro da Informação do Paquistão, Fawad Chaudhry, em uma rara
repreensão ao Taleban vinda do país vizinho.
Por
que isso importa?
Entre
as imposições dos talibãs às mulheres que voltaram a viger
no Afeganistão estão a proibição de saírem de casa desacompanhadas, o
veto à educação em escolas e ao trabalho e inúmeros casos de mulheres solteiras
ou viúvas forçadas a se casar com combatentes.
Quem
não cumpre as regras sofre com as consequências. As punições incluem
espancamentos públicos, um antigo meio de repressão dos fundamentalistas.
Para
lembrar as afegãs de suas obrigações, os militantes ergueram cartazes em
algumas áreas para informar os moradores sobre as regras. Em certas regiões, as
lojas estão proibidas de vender mercadorias a mulheres desacompanhadas.
A
repressão se estende à educação. O Taleban não só proibiu as mulheres de
estudarem como fechou escolas no país. Em certas áreas dominadas pelos extremistas, a educação foi
permitida para meninas somente até a quarta série.
Numa decisão que atinge também os homens, o Taleban determinou que apresentações de música ao vivo estão proibidas no país.
Dozens of women protested in Kabul on Tuesday in reaction to "discrimination and social injustice against women."#TOLOnews pic.twitter.com/jYxFsnawmM
— TOLOnews (@TOLOnews) December 28, 2021
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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