Da Redação
O
Brasil iniciou na quinta-feira (4) o leilão das frequências para exploração da
futura rede 5G, a quinta geração de internet móvel. Os lotes mais nobres, da
faixa de 3,5 GHz, foram arrematados pelas duas maiores operadoras de telefonia
do país, a Claro e a Vivo. A chinesa Huawei, vista pelos EUA como possível
arma de espionagem a favor de Beijing, ficou fora do leilão. Mas, ainda assim,
marcará forte presença na rede 5G brasileira.
O leilão brasileiro, realizado entre quinta (4) e sexta (5), tem somente a participação de operadoras de telefonia. Isso explica a ausência da Huawei, que atua apenas como fornecedora de equipamentos de infraestrutura para outras empresas. E é assim que os chineses terão acesso à rede 5G do Brasil, onde são os principais fornecedores de tecnologia no setor de telecomunicações.
A
pressão para excluir totalmente a Huawei da quinta geração de internet móvel
partiu dos Estados Unidos, que usam como argumento a Lei de Inteligência
Nacional da China. A normativa legal, instituída em 2017, diz que as empresas
nacionais devem “apoiar, cooperar e colaborar no trabalho de inteligência
nacional”, o que poderia forçar a gigante da tecnologia a trabalhar a serviço
do Partido
Comunista Chinês (PCC).
Em
sua defesa, a companhia alega que nunca recebeu qualquer ordem de espionagem e
que “se recusaria categoricamente a obedecer” se isso ocorresse. “Nunca
comprometeríamos ou prejudicaríamos qualquer país, organização ou indivíduo,
especialmente quando se trata de segurança cibernética e proteção da
privacidade do usuário”, segundo a rede britânica BBC.
De
toda forma, países como Nova Zelândia, Austrália
e Reino Unido excluíram totalmente os chineses de suas redes 5G. Os
britânicos chegaram a criar um órgão voltado especificamente para monitorar a
Huawei. Em março de 2019, o Centro de Avaliação de Segurança Cibernética disse
não ter encontrado evidências de atividades
estatais chinesas maliciosas, mas identificou defeitos relevantes na
engenharia de software e na competência de segurança cibernética da empresa.
Veto
brasileiro
No
ano passado, o governo brasileiro chegou a cogitar o veto à exploração do 5G
por operadoras que fizessem uso de qualquer tecnologia chinesa. Mas não seguiu
adiante com a ideia. A Huawei é a principal fornecedora de infraestrutura de
telecomunicações no mundo, e no Brasil não é diferente. Assim, a reformulação
integral das redes nacionais teria um custo proibitivo.
Em
agosto deste ano, o Brasil recebeu a visita de Jake Sullivan, consultor
nacional de segurança dos EUA. À época, ele manifestou preocupação com a
presença da Huawei na rede 5G do país. “Continuamos preocupados com o papel
potencial da Huawei na infraestrutura de telecomunicações do Brasil”, disse na
ocasião Juan Gonzalez, diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o
Hemisfério Ocidental, segundo a agência Reuters.
Douglas
Koneff, embaixador interino dos EUA no Brasil, afirmou em outubro que
Washington tem “fortes preocupações sobre o potencial papel da Huawei na
infraestrutura de telecomunicações. Não somente no Brasil”. E acrescentou que
outros países seguem a mesma linha: “Reino Unido, França, Suécia, Índia,
Austrália, Canadá e Japão já chegaram à mesma conclusão”, disse ele, acusando a
empresa de ter um “histórico de comportamento antiético, ilegal e inadequado,
incluindo roubo de propriedade intelectual”.
O
governo brasileiro, porém, já havia deixado claro que não seguiria adiante com
o veto. Além do custo da eventual transição de infraestrutura, pesou o fato de
a China ser o principal parceiro comercial do país. E proibir a Huawei levaria
a sanções da parte de Beijing. A Suécia, por exemplo, baniu a empresa chinesa
de sua rede 5G. A resposta foi um boicote na China a produtos da Ericsson, que
foi forçada a reduzir
suas operações no país asiático.
Ainda
assim, há uma medida preventiva, que é a criação de uma rede governamental
exclusiva sem a presença de infraestrutura chinesa. “Hoje, a Huawei não está
apta a participar da rede privativa, segundo o que foi colocado pela Anatel
[Agência Nacional de Telecomunicações] e pela nossa portaria”, disse o ministro
das Comunicações Fábio Faria.
Por
que isso importa?
No
5G, que se tornou ferramenta de pressão geopolítica, os riscos
de segurança são mais elevados. Isso porque a nova tecnologia
incorpora softwares responsáveis por processar dados pessoais e
outras informações confidenciais. Além disso, a maior velocidade e a
possibilidade de receber mais conexões simultâneas, em comparação com a rede
4G, tornam a nova tecnologia ideal para ser usada em uma infinidade de
atividades corriqueiras.
“Todos
nós sabemos que o 5G, em comparação com as gerações anteriores de tecnologias
de comunicação, tem as três características: grande largura de banda, baixa
latência e conexões massivas”, disse Guo Zizhong, diretor da Divisão de
Negócios de Hospital Inteligente da Huawei na China, em entrevista à rede
norte-americana ABC
News.
A
tendência é a de que bilhões de novos produtos fiquem online num futuro
próximo, tornando inúmeras ações cotidianas dependentes da internet. Portanto,
a nova rede 5G passaria a gerenciar, por exemplo, hospitais, automóveis, órgãos
governamentais, residências e, claro, as forças armadas.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.co
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