Até
a última sexta-feira, mais de 95 mil pessoas haviam sido oficialmente
registradas como desaparecidas no México. Os dados,
apresentados pelo Comitê de Desaparecimentos Forçados da ONU (Organização das
Nações Unidas), incluem um aumento preocupante na porcentagem de mulheres
e crianças,
tendência que se agravou durante a pandemia, com os migrantes particularmente
em risco.
O
relatório foi formulado com base em uma visita ao país realizada por membros do
comitê entre os dias 15 e 26 de novembro. Com uma observação chocante: cem
desaparecimentos possivelmente ocorreram apenas durante o curso da missão.
A
delegação esteve em 13 Estados mexicanos e realizou 48 reuniões com mais de 80
autoridades diferentes. Os membros também encontraram centenas
de vítimas e dezenas de coletivos de vítimas e organizações da
sociedade civil de quase todas as partes do país.
Os
integrantes testemunharam exumações e expedições de busca nos Estados de
Morelos, Coahuila e no Estado do México, visitaram o Centro de Identificação
Humana em Coahuila e foram a vários centros de detenção federais, estaduais e
de migrantes.
Esta
foi a primeira visita ao país, com base no artigo 33 da Convenção Internacional
para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado. Para o
Comitê, a aceitação da visita pelo México é uma expressão clara da abertura do
Estado ao escrutínio e ao apoio internacional.
“Reconhecemos
que houve algum progresso jurídico e institucional nos últimos anos, mas os
desaparecimentos forçados ainda são generalizados, e a impunidade é
quase absoluta”, afirmaram os especialistas em nota.
Com
mais de 52 mil corpos não identificados de pessoas falecidas, o Comitê
argumenta que “a luta contra a impunidade não pode esperar”.
Durante
a visita, foram recebidas “informações preocupantes”, tanto das autoridades
quanto das vítimas, sobre os diversos padrões de investigação dos
desaparecimentos forçados em diferentes regiões. Também apontam “cenários de
conluio entre agentes do Estado e o crime
organizado”, com alguns desaparecimentos forçados “cometidos diretamente
por agentes do Estado”.
O
Comitê também observa com preocupação que várias das recomendações feitas em
2015 e 2018 ainda estão pendentes de implementação. “Nesse sentido, destacamos
que os desaparecimentos não são apenas um fenômeno do passado, mas ainda
persistem”, afirmam os integrantes do grupo.
Nessas
duas semanas, o Comitê ouviu as vítimas descreverem uma sociedade oprimida pelo
fenômeno dos desaparecimentos, bem como pela impunidade sistêmica e sua
impotência diante da omissão de algumas autoridades.
“Eles
ressaltaram que, dia a dia, na busca de respostas e justiça, sofrem com a
indiferença e a falta de progresso. Eles nos expressaram com veemência sua dor
e que os desaparecidos não são números, mas seres humanos ”, diz o relatório do
Comitê.
Os
especialistas acreditam que as causas do problema não foram resolvidas e que a
abordagem de segurança adotada é “não apenas insuficiente, mas também
inadequada”.
Conteúdo
adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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