Não é difícil encontrar uma pessoa que em algum momento da vida tenha olhado para uma criança muito ativa e chamado de “ligada no 220” ou “elétrica”. A característica pode estar associada ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A condição, que se caracteriza por sintomas como desatenção, inquietude e impulsividade. Ainda pouco discutido, o TDAH impacta a vida de um indivíduo da infância à maturidade e é ainda mais grave quando diagnosticado tardiamente.
O neurologista Elias Oliveira, professor da UniFTC e médico do Hospital Geral do Estado (HGE), explica que o diagnóstico da condição na vida adulta gera uma série de obstáculos e dificuldades para o indivíduo que vive com o transtorno. Quando acontece na infância, o tratamento pode auxiliar a tornar os sintomas mais amenos e gerar mais qualidade de vida para a pessoa. Atualmente já há mais conhecimento e mais pessoas capacitadas para identificar os indícios do transtorno em uma criança. Algumas escolas são preparadas com psicopedagogos ou psicólogos, por exemplo. Mas se sabe que essa ainda não é uma realidade em todas as unidades de ensino.
Diante
desse cenário, existem os casos em que o diagnóstico vem somente na vida
adulta. O neurologista, que também é mestre em neurociências, destaca a
importância de se detectar o problema. Sem diagnóstico e sem tratamento, o
transtorno pode gerar outros problemas de saúde como ansiedade generalizada e
depressão profunda, aponta o médico.
O diagnóstico do transtorno é clinico. Não existem exames, segundo o especialista, que se possa fazer. Ele ainda acrescenta que a idade escolar é o melhor momento de identificar o problema, mas reconhece que não é sempre o que ocorre. “Imagina alguém que foi criado na roça, não tinha como demonstrar e mesmo assim apenas alguém poderia imaginar que era um menino ativo, que não prestava atenção nas coisas. É o máximo que se conseguiria”, exemplificou o neurologista.
O especialista explica que na idade adulta o próprio indivíduo pode ajudar o médico no diagnóstico. Mas é franco ao apontar que “as dificuldades estão sempre presentes” e que o caminho para o tratamento é coletivo e em várias frentes.
“O TDAH inclui coisas como não conseguir se concentrar, não conseguir prestar atenção em algo por um tempo maior, e isso atrapalha tarefas no trabalho. Imagina argumentar com um chefe que você não consegue se concentrar? Ou que não consegue prestar atenção no que precisa fazer? Que não tem noção de tempo? E se de repente em algum momento entra num intervalo você não sabe quanto tempo ficou fora? Isso no trabalho atrapalha tremendamente”, ponderou Elias, ao sinalizar que é comum que as pessoas com a condição se cobrem e fiquem irritadas consigo mesmas.
“A
pessoa tenta, tenta, tenta e não consegue os objetivos mínimos propostos pelos
chefes. Há aqueles patrões ou coordenadores que dizem coisas
impiedosamente, sem se preocuparem com a consequência. Dizem que você não
consegue o mínimo. Esses processos comparativos e de depreciação levam
fatalmente a sintomas depressivos e depressão profunda”, acrescentou.
O trabalho é apontado pelo neurologista como o maior problema das pessoas com TDAH e que não conhecem o diagnóstico ou que não fazem tratamento, mas os relacionamentos familiares também são afetados. Como exemplo ele cita que às vezes o cônjuge ou os pais não entendem o comportamento da pessoa com TDAH e interpretam como implicância, como alguém que não escuta, não entende o que é solicitado e que deixa as coisas incompletas.
Por isso, o médico explica que devem ser tomadas “três providências”. A primeira é o acompanhamento psíquico e emocional, às vezes até com uso de ansiolíticos. Em seguida vem a compreensão e o apoio da família. E a terceira é alguém no ambiente de trabalho disposto a contribuir, a ser uma espécie de ponto de apoio e inclinado a dar feedbacks, positivos ou não.
Esses três pontos permitem que a pessoa com TDAH se sinta amparada, afirma o médico. Ele ainda ressalta o fato de que a desatenção sofrida por esses indivíduos não significa que eles são menos inteligentes. “Não é déficit de inteligência e muito menos de capacidade”, garante.
“É
uma questão da formação. Quando um bebê nasce, os olhos estão prontos,
intestino pronto, mas o cérebro vai se desenvolver até o 5º ano de vida, é uma
máquina extraordinária. Quaisquer distorções nesse desenvolvimento ou
intrauterino o próprio organismo procura corrigir, mas às vezes sobram
sequelas”, esclarece o neurologista.
Características e especificadore
Os médicos dividem a apresentação do TDAH em três categorias: apresentação desatenta, predominantemente hiperativa / impulsiva e combinada. Cada um é descrito em mais detalhes abaixo.
Estes não se qualificam como diagnósticos diferentes. Eles simplesmente fornecem informações adicionais sobre uma apresentação específica do TDAH para ajudar o profissional a gerenciar seus efeitos.
Desatento: Uma pessoa com TDAH desatento tem mais probabilidade de demonstrar as seguintes características de uma maneira que perturba:
I
- uma aparente incapacidade de prestar muita atenção a uma tarefa ou uma tendência
a cometer erros descuidado;
II
- dificuldades em manter o foco em atividades ou tarefas;
III
- dando a aparência de não ouvir enquanto outras pessoas estão falando;
IV
- enfrentando dificuldades com gerenciamento de tempo e organização de tarefas frequentemente;
V
- perdendo itens ou acessórios
necessários para a função diária se distrair facilmente;
VI
- esquecendo de completar tarefas e
cumprir obrigações
VII
-evitar ou não gostar de tarefas que exijam foco e pensamento prolongados
VIII - dificuldades em seguir as instruções para concluir tarefas
Predominantemente hiperativo-impulsivo: Esse especificador significa que um indivíduo mostra mais sinais de hiperatividade do que desatenção, incluindo:
I
- parece estar constantemente "on-the-go"
II
- incapacidade de permanecer sentado
III
- crises de corrida ou escalada inadequadas
IV
- dificuldades em aguardar sua vez em uma conversa, geralmente terminando as
frases de outras pessoas ou respondendo antes do final de uma pergunta
V
- frequentemente se intrometendo em outras pessoas, incluindo conversas,
atividades ou jogos
VI
- inquietação persistente, toque nas mãos e pés ou contorção
VII
- conversação excessiva
VIII
- achando difícil jogar ou participar de atividades sem criar ruído excessivo
XIX - relutância em esperar a sua vez, como em uma linha ou jogo baseado em turnos
Diagnóstico
Segundo
o Instituto Nacional de Saúde Mental, a maioria das crianças com TDAH
recebe um diagnóstico durante o ensino fundamental. No entanto, algumas
pessoas podem não receber um diagnóstico até a adolescência ou até a idade
adulta.
Nenhum
teste de diagnóstico específico pode identificar o TDAH. Um médico
realizará exames para descartar outras causas em potencial, como problemas de
audição ou visão.
Tratamentos e Terapias
Os médicos podem recomendar o
tratamento do TDAH com uma combinação de terapias. Os tratamentos
geralmente dependem dos sintomas de um indivíduo e do grau em que o TDAH afeta
a vida escolar e doméstica.
Exemplos incluem:
Terapia comportamental: envolve
trabalhar com um terapeuta, que pode ajudar as crianças a estabelecer
habilidades sociais, aprender técnicas de planejamento que ajudam as pessoas
com TDAH e aprimorar a capacidade de planejar e concluir tarefas.
Medicamentos: Os médicos
podem prescrever medicamentos para melhorar a atenção e o foco. Enquanto
uma variedade de medicamentos está disponível, os tipos mais comuns são
estimulantes.
Esses incluem:
· Adderall
· Focalin
· Vyvanse
· Concerta
· Ritalina
Medicamentos não estimulantes para o tratamento do TDAH incluem Strattera e clonidina (Catapres). Um médico geralmente prescreve a dose mais baixa e aumenta, se necessário.
Treinamento
dos pais: Os terapeutas também podem trabalhar com os pais para ajudá-los
a responder aos comportamentos muitas vezes difíceis que podem acompanhar o
TDAH. A educação adicional pode ser benéfica para a administração de
medicamentos.
Apoio
escolar: professores e conselheiros desempenham um papel importante na
criação de planos educacionais e no emprego de diferentes estilos de ensino
para se envolver mais ativamente com crianças com TDAH.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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