Da Redação
Quando
assumiu o governo do Afeganistão após
conquistar Cabul, em 15 de agosto, o Taleban herdou uma crise
econômica de difícil solução, num país que sempre sofreu com a escassez de
fontes de riquezas. A solução do problema pode estar no subsolo do país, onde
fontes inexploradas escondem uma riqueza mineral avaliada em até US$ 1 trilhão,
segundo a rede Voice
of America (VOA).
A
informação, porém, não é novidade e chegou ao conhecimento dos talibãs antes
mesmo da retirada de tropas dos Estados Unidos. Um relatório da
ONU (Organização das Nações Unidas) publicado em maio deste ano já sugeria que
uma das principais fontes de riqueza do país seria a “exploração mineral”.
“O
Mulá Yaqub (vice-líder talibã e filho de um dos fundadores do grupo) buscou
maior independência financeira para o Taleban, em parte concentrando esforços no
controle de áreas
ricas em minerais inexploradas do Afeganistão. Um Estado-Membro
estimou que, em 2020, os lucros do setor de mineração renderam ao Talibã
aproximadamente US$ 464 milhões”, diz o documento.
A
informação é reforçada pela ONG britânica Global Witness, que monitora a
corrupção e sua relação com a exploração mineral e que relatou, em junho de
2016, que elementos armados antigovernamentais, incluindo o Taleban, faturam
até US$ 20 milhões anualmente com a mineração ilegal da rocha lápis-lazúli.
Parceria
com a China
Quem
representa papel central no processo de exploração
mineral no Afeganistão é a China, que já investia no setor antes de os
talibãs ascenderem ao poder. A China Metallurgical Group (MCC),
empresa estatal chinesa, firmou em 2007 um contrato para desenvolver o campo da
mina de cobre Aynak, na província de Logar, cerca de 32 quilômetros a sudeste
de Cabul.
O investimento da
MCC no projeto chegaria a US$ 2,8 bilhões, o que envolveria a construção de uma
usina de energia elétrica e estradas de ferro, além da geração de 5 mil
empregos para cidadãos afegãos, todos sob a supervisão de profissionais
chineses. O projeto foi interrompido desde a queda de Cabul, mas tende a
ser retomado.
“Nós
consideramos reabri-lo depois que a situação se estabilizar e o reconhecimento
internacional, incluindo o reconhecimento pelo governo chinês do regime
do Taleban, ocorrer”, disse um funcionário não identificado da MCC ao
jornal estatal Global Times, da Chinas.
Até
agora, Beijing não reconheceu o Taleban como governo legítimo do Afeganistão,
mas tem convocado as demais nações a seguirem por esse caminho. Os talibãs, por
sua vez, mostram-se dispostos a dialogar. “A China é um grande país, com
enormes economia e capacidade. Acho que eles podem desempenhar um papel muito
importante na reconstrução, reabilitação e reconstrução do Afeganistão”, disse
o porta-voz do Taleban Suhail Shaheen.
Por
que isso importa?
Desde
que assumiu o poder, no dia 15 de agosto, o Taleban busca reconhecimento
internacional como governo de fato do que chama de “Emirado
Islâmico“. O grupo extremista chegou a se reunir com autoridades da ONU
(Organização das Nações Unidas) a fim de garantir que a assistência humanitária
seja mantida no país. O órgão, por outro lado, recusou o pedido para que um
enviado talibã discursasse na Assembleia Geral.
Representantes
do Reino Unido também receberam autoridades talibãs, e na ocasião pressionaram
para que cidadãos britânicos fossem autorizados a deixar o Afeganistão, além de
questionarem sobre os direitos
das mulheres. Rússia, Irã, China,
Uzbequistão, Turcomenistão e Paquistão estão entre
as nações que mantém contato mais próximo com os novos governantes afegãos.
Até agora, porém, nenhuma nação reconheceu formalmente o Taleban como poder legítimo no país. Mais do que legitimar o poder talibã internacionalmente, esse reconhecimento é crucial para fortalecer financeiramente um país pobre e sem perspectivas imediatas de gerar riqueza. Inclusive, os Estados Unidos, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortaram o acesso de Cabul a mais de US$ 9,5 bilhões em empréstimos, fundos e ativos.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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