Na
última segunda-feira (4), a China realizou
uma incursão recorde em Taiwan,
com 56 aeronaves das forças armadas chinesas invadindo o espaço aéreo da ilha.
No total, ao longo de quatro dias, Beijing enviou 149 caças. O episódio,
classificado por Taipé como “irresponsável ação provocativa”, gerou reações de
aliados ocidentais, entre eles Estados Unido e França, e levou o governo
taiwanês a intensificar seu projeto de fortalecimento
militar.
Nesta
quarta-feira (6), o ministro da defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, afirmou que o
país acelerou o processo de desenvolvimento de mísseis Yufeng, capazes de
atingir um alvo a 1,2 mil quilômetros de distância. Foi a primeira vez que a
pasta falou publicamente sobre o programa, até então mantido em sigilo.
Ainda
assim, Chiu pouco relevou, limitando-se a dizer que os desenvolvedores da arma
“ainda estão se esforçando” para concluir o projeto, segundo o jornal
local Taiwan News.
Ele ainda classificou a ação chinesa como “a mais severa em 40 anos desde que
me alistei”.
Um
dia antes, na terça-feira (5), o presidente norte-americano Joe
Biden foi questionado sobre a mais recente incursão chinesa. “Falei com Xi
[Jinping, presidente da China] sobre Taiwan. Nós concordamos em respeitar o
acordo de Taiwan”, disse Biden. “Deixamos claro que não acho que ele deva fazer
outra coisa que não cumprir o acordo”.
Embora
o presidente não tenha sido explícito sobre o que é o “acordo de Taiwan”, a
agência Reuters cita
a política estabelecida por Washington de reconhecer a soberania chinesa na
questão, mantendo laços diplomáticos exclusivamente com Beijing. E que qualquer
assunto referente à ilha deve ser resolvido de maneira
pacífica.
Taiwan,
por sua vez, alega que a relação com os EUA, de quem tem se aproximado cada vez
mais, não mudou devido às declarações de Biden. “Enfrentando as ameaças
militares, diplomáticas e econômicas do governo chinês, Taiwan e os Estados
Unidos sempre mantiveram canais de comunicação próximos e tranquilos”, diz um
comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores da ilha.
A
França também se movimentou frente à escalada da tensão no Estreito de Taiwan.
Um grupo de senadores franceses, liderado por Alain Richard, chegou à ilha
nesta quarta (6) para uma visita de cinco dias. Beijing reagiu da pior maneira,
enxergando no encontro uma provocação e um desrespeito à política de “Uma
Só China“. Paris, porém, alega se tratar de uma transação parlamentar
habitual entre os dois governos, segundo a agência Associated
Press.
Tensão
vai aumentar
Durante
um encontro com jornalistas no Hudson Institute, em Washington, na segunda
(4), o ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca H. R. McMaster falou
sobre a crise diplomática entre China e Taiwan. Pessimista, ele disse que os
próximos 12 meses serão especialmente tensos, segundo a agência taiwanesa CNA.
McMaster
avalia que os aliados ocidentais de Taiwan não reagiram como deveriam, e que a
falta de resistência deles encoraja a China a intensificar as incursões sobre a
ilha. Citou, inclusive, a retirada de tropas do Afeganistão como sinal de
enfraquecimento militar norte-americano.
Por
outro lado, o ex-conselheiro exaltou a iniciativa de Biden de firmar um pacto
com Austrália e Reino Unido para conter eventuais agressões chinesas na região.
E cobrou mais ação do Japão, citando a capacidade de Tóquio usar seu poder de
fogo para contraatacar uma eventual invasão de Beijing a Taiwan.
“É
um momento muito perigoso”, disse ele. “Mas acho que provavelmente ainda não é
o momento mais perigoso. Eu realmente acho que 2022, como muitas pessoas
apontaram, é um período crítico”.
Por
que isso importa?
Taiwan
é uma questão
territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem
o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o
princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como
território chinês.
Diante
da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu
sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha
autônoma no ano passado.
Embora
não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos
países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e
principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing,
que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.
Jatos
militares chineses passaram a realizar
exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora já
invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não aceitará a
independência do território “sem
uma guerra”.
O embate,
porém, pode não terminar em confronto
militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios
produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site norte-americano Business
Insider.
O
documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não
teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma
invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o
relatório do Pentágono.
Caso
ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar
significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a
China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e
das redes de informação. O bloqueio sufocaria a ilha, criando uma reação
internacional semelhante àquela que seria causada por uma eventual ação militar.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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