Após
o retorno do Ensino Médio, no dia 26 de julho, a rede estadual de ensino volta
com as aulas semipresenciais, nesta segunda-feira (9), para os alunos do Ensino
Fundamental. Segundo a Secretaria da Educação do Estado (SEC), são 125.481
estudantes, de 388 escolas, que devem comparecer aos colégios estaduais da
Bahia. Desde março de 2020, por conta da pandemia da covid-19, os alunos não
frequentam presencialmente as salas de aula.
O
retorno ocorre com mais de um terço dos professores e profissionais de educação
sem terem recebido nem a primeira dose da vacina contra o novo Coronavírus. De
acordo com a SEC, são 394 mil trabalhadores da rede municipal, estadual e
privada. Destes, 258.497 receberam a primeira dose ou dose única, o equivalente
a 65,6% do total. Ou seja, mais de 135 mil não tem a primeira injeção do
imunizante no braço, o que representa 34,3% dos trabalhadores. Somente
12,3% receberam a segunda dose.
Esse é o principal motivo pelo qual o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (Aplb) não quer a volta às aulas. O presidente da Aplb, Rui Oliveira, voltou a afirmar que os professores só voltam após a segunda dose. “Só voltamos totalmente imunizados, com 15 dias após a segunda dose. Em Salvador, já fizemos acordo para voltar no dia 23 de agosto, porque o prefeito já deu a relação de pessoas que serão vacinadas. O governo do estado até agora não entregou a lista”, explica Oliveira.
O
presidente do sindicato diz que algumas cidades do interior não têm condições
de voltar agora com o ensino híbrido. No município de Seabra, na Chapada
Diamantina, quatro colegiados já afirmaram que não têm condições de
iniciar as atividades presenciais e que vão manter o ensino apenas de
forma remota. Segundo Rui Oliveira, 50 cidades não devem retornar nesta
segunda.
“No
interior, a maioria das escolas da zona rural não tem condições de retornar,
tem escola que nem banheiro tem. Na nossa avaliação, não vai ter ninguém na
escola na segunda-feira. Há uma temeridade dos pais, uma preocupação mundial
com a variante delta e uma pressão dos diretores para os professores voltarem,
se não vão tomar falta. Não pode ser assim, tem que ter uma razoabilidade”,
argumenta.
Para
ele, a melhor coisa a ser feita é reduzir o intervalo de aplicação da segunda
dose, para 21 dias, como prescreve a bula da Pfizer, para que, até o fim de
agosto, todos os professores tenham recebido as duas doses. Assim, poderia
voltar às salas de aula com mais segurança.
Retorno
com protocolo
A
diretora do Núcleo Territorial de Educação (NTE) 25, da região de Senhor do
Bonfim, Raquel Conceição, diz que todas as escolas estão preparadas para o
retorno. Todos os professores e funcionários tomaram, pelo menos, uma dose da
vacina. Metade está totalmente imunizado, com as duas doses. Em Caldeirão
Grande, cidade de 13 mil habitantes, as aulas semipresenciais já tinham voltado
desde maio, pelos baixos índices de covid-19.
“Todas
nossas escolas estão adaptadas, a partir da implementação de protocolos
sanitários. Só não voltamos no dia 26 de julho, porque algumas cidades estavam
sem transporte, as prefeituras não tiveram tempo hábil para fazer a licitação.
Mas, agora, estamos prontos”, assegura Raquel. No NTE 25, são 24 escolas, 534
professores e cerca de 14.300 alunos.
Ela
ainda afirma que os alunos e familiares, assim como todos os funcionários estão
saudosos pelo retorno. “A gente encontrou forças para esse momento a partir do
desejo dos alunos e familiares ao retorno híbrido, esse desejo é movido pela
saudade, saudade dos nossos espaços, dos nossos professores, gestores, colegas,
funcionários”, completa.
Segundo
a Secretaria de Educação do Estado (SEC), para adequar as escolas aos
protocolos, foi preciso gastar R$ 305 milhões. “Os investimentos foram
feitos em reformas, manutenção e adequação das escolas a partir do protocolo de
biossegurança; instalação de pias e lavabos para a higienização das mãos;
colocação de dispersor de álcool em gel 70%; e colocação de tapetes
sanitizantes; na aquisição de equipamentos digitais; em infraestrutura
tecnológica e contectividade; em formação de professores, dentre outras
questões”, informa a SEC.
Além
da adequação estrutural, o governo estadual gastou R$ 6,1 milhões na aquisição
de fardamento escolar e R$ 2 milhões em máscaras, via doação da Secretaria de
Planejamento (SEPLAN), para a distribuição aos estudantes. A frequência dos
mesmos está sendo monitorada, mas a secretaria não pôde divulgar, somente no
final da unidade letiva.
No
NTE 05, da região de Itabuna, as escolas também estão só no aguardo dos alunos.
São somente três escolas estadual que têm Ensino Fundamental – em Itabuna,
Ilhéus, e a unidade de Pau Brasil e Guararema, que atende indígenas. “Tudo está
organizado, só esperando os estudantes”, comenta Leninha Vila Nova, diretora do
NTE 05, onde existem 43 mil alunos e 3 mil professores.
Em
Ibicaraí, cidade do Extremo Sul, os alunos disseram que estarão em sala. “Na
conversa que tivemos com eles, nas aulas online, eles disseram que estão
dispostos e os professores também concordaram em vir. Estamos preparamos desde
o dia 26, mas nossa escola é só ensino fundamental”, esclarece o diretor do
Colégio Eduardo Spínola, José Wadson Conceição. Na unidade, são 198 alunos e 16
professores.
Em
Cravolândia, município a cerca de 150 km de Salvador, a única escola estadual
da cidade, o Colégio Estadual de Cravolândia, fará uma primeira semana de
preparação e treinamento. As atividades letivas normais voltarão na próxima
semana. A obra de reforma, para ampliar o refeitório, ainda não acabou.
“A
reforma acabou em parte. Como estamos passando pelo processo de implantação do
tempo integral, precisávamos ampliar a cozinha para aumentar o número de
refeições. A gente conseguiu isolar o local da obra, para poder voltar hoje”,
justifica José Júnior, diretor da escola. Para o retorno, eles fizeram um vídeo
institucional, convocando os alunos. São cerca de 340 e 10 professores. Uma
reunião de pais também foi feita, na semana passada, com os pais dos alunos,
para explicar os protocolos sanitários e medidas de restrição.
No
Colégio Luiz Viana, em Guanambi, não há problemas com a estrutura física do
colégio, que já foi todo adaptado. Os alunos, contudo, não querem voltar. “A
gente fez uma pesquisa, para o retorno do dia 26, pelos grupos do Whatsapp, e
um percentual de 98% dos alunos disseram que não retornariam, por medo”,
explica o vice-diretor, Leandro Reis.
Assim
como ocorre com as aulas do Ensino Médio, as turmas do Ensino Fundamental serão
divididas pela metade e irão de forma escalonada. Uma parte dos alunos irá na
segunda, quarta e sexta; e a outra metade irá na terça, quinta e sábado. Nos
demais dias, os estudantes participam das aulas e atividades remotas. A divisão
da turma se dará por letra, em ordem alfabética.
Relembre os protocolos:
Sala
de aula – Cada turma será dividida em duas, e frequentará de forma
escalonada, com mesma carga horária; janelas abertas e, se houver
ar-condicionado, não pode ser mantido no modo recirculação de ar
Estudantes
do turno noturno – podem optar por assistir às aulas do sábado no turno
vespertino. Há possibilidade de realizar as atividades de forma não presencial
Áreas
comuns – distanciamento mínimo de 1,5 metro, disponibilização de álcool em
gel ou álcool 70% e higienização diária das áreas comuns
Elevadores –
usados com 30% de capacidade e exclusivo para deslocamento de materiais e
produtos, e para alunos e funcionários com dificuldades de locomoção
Entrada –
trabalhadores, prestadores de serviço e estudantes devem higienizar as mãos com
água e sabão ou álcool em gel 70%; todos terão a temperatura aferida e aqueles
com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser direcionados para
acompanhamento de saúde adequado
Grupo
de risco – funcionários e alunos do grupo de risco da covid-19 devem
avaliar outras formas de retorno enquanto durar a pandemia
Uso
de máscara – obrigatório para todos, exceto para alunos da Educação
Infantil, de 0 a cinco anos, e os portadores do Transtorno do Espectro Autista
(TEA)
Fluxo –
de entrada, saída e intervalos de forma escalonada para manter o distanciamento
mínimo
Transporte
escolar – janelas abertas, higienização no princípio e ao final do dia,
distanciamento e as máscaras obrigatórios; capacidade até 70%
Banheiros –
número máximo de pessoas que poderão acessar ao mesmo tempo deverá levar em
consideração o distanciamento mínimo de 1,5 metros. Os basculantes e janelas
devem ficar abertos.
Bebedouros –
não serão interditados, mas o uso coletivo deles deve ser evitado. Cada aluno
deve levar sua garrafa de água ou copo descartável
Refeitório –
cada estudante deve usar talheres, pratos e copos individuais e próprios. Eles
não podem ser compartilhados e só é permitida a disponibilização de temperos,
molhos, condimentos e similares de forma individualizada, em sachês e apenas no
momento de cada refeição
Bibliotecas –
elas devem ser sejam utilizadas por turnos e em horários diferenciados por cada
turma, preservando-se sempre o distanciamento mínimo de 1,5 metro
Esporte –
optar sempre que possível por atividades ao ar livre. Não é recomendado o uso
de máscaras durante atividade física aeróbica, à excepção dos professores. As
atividades e esportes de maior contato físico, como lutas marciais, deverão ser
evitados.
Eventos –
festas de aniversário ou celebração de formatura são proibidos
Contato
com os pais – e-mail, WhatsApp, telefone ou presencial, com agendamento
prévio
Com informações do Correio da Bahia .
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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