Quem fala o que não pensa ! ouve o que não deseja!
O presidente argentino, Alberto Fernández, durante a visita do premiê espanhol, Pedro Sánchez, Fernández disse que "os mexicanos vieram dos indígenas, os brasileiros, da selva, e nós [argentinos] chegamos em barcos". A frase, equivocadamente atribuída ao Nobel mexicano Octavio Paz, na verdade é de uma canção de Litto Nebbia.epois das reações negativas à sua frase racista.
Após a grande "gafe diplomática", Alberto Fernández, enviou carta ao órgão que combate a discriminação no país, Inadi (Instituto Nacional Contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo). Em resposta a diretora Victoria Donda, 43, disse nesta sexta (11) considerar "exageradas as críticas de uma parte da dirigência política" à declaração do mandatário.
Na carta enviada ao órgão, o presidente argentino tenta se justificar que a frase "foi interpretada de um modo que contradiz minhas ações e nossas decisões de governo" e ressaltou que possui "convicções profundas sobre a identidade da população argentina e latino-americana".
Fernández disse ainda que não ignora "as situações de violência e genocídio que ocorreram em nossa história contra os povos originários que habitavam essas terras", mas que o povo argentino é o "resultado de um diálogo de culturas, entre a imigração europeia, a ascendência indígena e as migrações mais recentes dos países latino-americanos". Também fez referência à "presença muito importante das tradições africanas".
Na tarde desta sexta, Donda declarou que era "histórico e destacável" que Fernández tenha tomado a iniciativa de encaminhar a carta, "desculpando-se por algo que disse e que ofendeu muitas comunidades".
E acrescentou: "O Inadi pode apenas estimular quem faz afirmações como essas a refletir e, neste caso em particular, o presidente já refletiu e nos mandou essa carta".
"É importante que um presidente tenha a coragem de dizer que há muitas coisas que devem mudar", completou.
Pedir desculpas ao Inadi também é uma forma de o presidente acalmar as críticas de organizações que defendem os direitos de minorias e que fazem parte da base de apoio do governo. A própria Donda, que já havia estado com os peronistas, passou um tempo num partido de esquerda dissidente, por conta do conservadorismo da então ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) em relação ao aborto, por exemplo.
Donda, que é uma figura popular entre a juventude militante de esquerda, foi das ex-kirchneristas que voltaram a formar parte da aliança que hoje apoia o governo.
Na Argentina, haverá eleições legislativas em novembro, e o peronismo tentará se apresentar, assim como em 2015, como um bloco coeso, para continuar tendo maioria no Congresso. A oposição já está em campanha para enxugar o poder peronista no legislativo, principalmente com as críticas à administração da pandemia e da economia.
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