Empresa de Lula recebeu R$ 450 mil da Infoglobo Comunicação e Participações
Leonardo Benassatto/Reuters - 25.01.2018
Da Redação
Prof. Taciano Medrado
Relatório da PF aponta que empresa de palestras
do ex-presidente recebeu mais de R$ 28 milhões entre julho de 2011 e janeiro de
2016
O relatório da PF (Polícia Federal) que
indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por receber propina
disfarçada de doações para o Instituto Lula aponta que a empresa Lils Palestras
e Eventos LTDA, de propriedade do petista, recebeu R$ 450.132,41 da Infoglobo
Comunicação e Participações em outubro de 2013.
De acordo com o relatório, o repasse da
empresa do Grupo Globo corresponde a apenas 1,6% dos mais de R$ 28 milhões
verificados no registro de movimentações bancárias em favor da companhia do ex-presidente
entre julho de 2011 e janeiro de 2016.
“Conforme dito, este apuratório se
baseia em notícia do recebimento de valores das empresas investigadas no âmbito
da Operação Lava Jato (Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, Andrade
Gutierrez e OAS) por parte da empresa Lils Palestras, Eventos e Publicações
LTDA em somas que ultrapassam R$ 9 milhões”, afirma a PF.
O documento mostra ainda que as
palestras contratadas pela Odebrecht permitem concluir que esta empreiteira
“proporcionou a maior parcela da fonte de renda da empresa” de Lula. Segundo o
laudo, a Odebrecht foi responsável pela transferência direta de,
aproximadamente, 10% dos recursos da empresa do ex-presidente.
Os valores disponibilizados pela
construtora entre 2011 e 2014 à Lils Palestras e Eventos LTDA variaram entre R$
350 mil e R$ 449 mil para palestras realizadas pelo ex-presidente no Brasil e
no exterior. De acordo com a PF, o dinheiro recebido por Lula pela Odebrecht
"era propina disfarçado como doações".
Além do ex-presidente, o ex-ministro da
Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci, o presidente do instituto Lula, Paulo
Okamotto, e o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, também foram
indiciados.
Outro lado
Em nota, o advogado Cristiano Zanin
Martins, que defende o ex-presidente Lula, afirmou: "O indiciamento é
parte do Lawfare promovido pela Lava Jato de Curitiba contra o ex-presidente
Lula e não faz nenhum sentido: as doações ao Instituto Lula foram formais, de origem
identificada e sem qualquer contrapartida. À época das doações Lula sequer era
agente público e o beneficiário foi o Instituto Lula, instituição que tem por
objetivo a preservação de objetos que integram o patrimônio cultural brasileiro
e que não se confunde com a pessoa física do ex-presidente."
A Infoglobo diz que participa de
iniciativas que contribuem para o desenvolvimento e a promoção do Rio de
Janeiro e ressalta que, em 2013, "apoiou a Fecomércio-RJ na realização de
um seminário sobre o Mapa do Comércio no Estado do Rio". "Além de
divulgar o evento em seus jornais, a Infoglobo arcou com os custos dos
palestrantes, inclusive do ex-presidente Lula", afirma a empresa do Grupo
Globo.
A Odebrecht afirma estar
"comprometida com uma atuação ética, íntegra e transparente" e
garante que "tem colaborado com as autoridades de forma permanente e
eficaz, em busca do pleno esclarecimento de fatos do passado".
Fonte ; R7
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