Programas sociais: incentivo ou acomodação de uma rede?

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(*) Taciano Medrado

Olá caríssimo(a)s leitore(a)s,

O presente artigo desse editorial provavelmente vai levantar muita polêmica. Afinal, trata-se de uma crítica aos programas sociais do governo federal — em especial ao Bolsa Família.

Essa semana, conversando com um colega produtor rural, ele se queixava da dificuldade de encontrar mão de obra para realizar os tratos culturais da sua lavoura (raleio, podas, manejo de irrigação, adubação, etc.). Segundo ele, com o benefício da Bolsa Família, os trabalhadores operacionais estão se acomodando e preferindo a  rede ao labor.

É impressionante como o Brasil se supera na arte de reinventar o conceito de “esforço”. Enquanto em alguns países as pessoas acordam cedo, enfrentam trânsito, lidam com chefes mal-humorados e ainda têm que fingir animação em reuniões intermináveis, por aqui, basta estar abaixo da linha da pobreza e pronto: o dinheiro pinga todo mês como mágica. E o melhor — sem precisar sequer levantar da rede!

O Bolsa Família, programa que nasceu com o nobre objetivo de combater a miséria, parece ter desenvolvido um superpoder: o de transformar a dignidade do trabalho em peça de museu. Afinal, por que trabalhar se o governo garante o básico — e às vezes até um pouco mais — apenas com a promessa de manter a vacinação em dia e mandar as crianças pra escola?

A ironia disso tudo é que o programa, que deveria ser ponte para a autonomia, virou rede — e não estamos falando de rede de proteção, mas sim daquela armada na varanda, que balança preguiçosa ao som do rádio enquanto a vida passa. É o “Estado Babá” em sua melhor forma: alimenta, educa, cuida da saúde e ainda oferece um trocadinho todo mês, sem exigir esforço algum para sair dessa dependência.

Mas claro, tudo em nome da “justiça social”, ainda que isso custe o incentivo ao empreendedorismo, à formação técnica e à meritocracia. Porque no Brasil, se você tenta sair do sufoco por conta própria, corre o risco de perder o benefício. Melhor então fingir que precisa, manter a renda baixa artificialmente e seguir fazendo o mínimo, porque fazer o máximo... pra quê?

Enquanto isso, o trabalhador assalariado, aquele que rala 44 horas semanais e paga impostos até sobre o cafezinho, observa — estupefato — a fila do Caixa Tem. Ele carrega o país nas costas, enquanto outros deitam no sistema, satisfeitos com a comodidade da dependência estatal.

Não se trata de demonizar quem precisa de ajuda. Longe disso. O problema é transformar auxílio emergencial em política permanente, em anestesia social, e fingir que isso é solução. No fundo, o que se vê é um incentivo institucionalizado à estagnação — e tudo isso embrulhado em um discurso bonito de combate à desigualdade.

E por fim,  como se não bastasse, o governo petista da Bahia se superou em termos de incentivo ao comodismo. O programa "Bolsa Presença" criado por lá é, no mínimo, aviltante e vergonhoso. O que deveria ser uma obrigação básica — frequentar a escola em busca de conhecimentos e saberes — agora é recompensado com dinheiro. É isso mesmo que você leu! Os alunos da rede estadual da Bahia recebem dinheiro do governo para irem à escola. O estudo deixou de ser caminho para o futuro e virou moeda de troca.

A pergunta que não quer calar: o governo está distribuindo oportunidade ou vendendo conformismo em suaves parcelas mensais?

(*) Professor, engenheiro, matemático, administrador, psicopedagogo e analista político

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