(*) Taciano Medrado
O Flamengo entra em campo nesse domingo (29) diante de uma verdadeira muralha futebolística: o poderoso Bayern de Munique, multicampeão europeu e uma das equipes mais temidas do planeta. O duelo é válido pelas oitavas de final do Mundial de Clubes da FIFA 2025, torneio que reúne os campeões de cada continente e que, neste novo formato, tem testado o fôlego e a qualidade dos representantes sul-americanos.
Mais do que um jogo, o confronto entre Flamengo e Bayern representa o embate entre dois mundos do futebol: o sul-americano, apaixonado, intenso e historicamente talentoso, contra o europeu, preciso, bilionário e altamente organizado. E é justamente aí que mora o desafio. Não se trata apenas de encarar um adversário com jogadores do mais alto nível técnico e físico. Trata-se de enfrentar uma estrutura esportiva que há anos vem ditando o ritmo do futebol mundial.
Para o Flamengo, é a chance de reescrever a história recente e apagar a frustração de edições anteriores do torneio. A equipe rubro-negra chega com uma geração experiente, acostumada a grandes jogos, e com o peso de representar um continente inteiro sedento por conquistas globais. Mas o favoritismo não está do seu lado — e talvez isso seja uma vantagem. Joga-se com menos pressão quando se é o “azarão”, ainda que carregando uma das camisas mais pesadas da América Latina.
O Bayern, por sua vez, vem com o sangue frio dos alemães e a sede de recuperar o prestígio internacional após campanhas irregulares nos últimos anos. É um time cirúrgico, veloz, taticamente disciplinado e com jogadores capazes de decidir o jogo em um lampejo. O Flamengo precisará mais do que raça: será preciso equilíbrio, inteligência tática, humildade para se defender e ousadia para atacar.
Independentemente do resultado, este jogo será um termômetro do abismo — ou da aproximação — entre os clubes da América do Sul e os da Europa. Um termômetro que também expõe a necessidade urgente de repensar investimentos, calendários e estruturas no futebol sul-americano se quisermos competir de igual para igual.
A bola vai rolar, e com ela, a esperança de milhões de brasileiros que enxergam no Flamengo a oportunidade de mostrar que ainda há vida no futebol sul-americano. Que a mística rubro-negra inspire seus jogadores. Porque para seguir vivo neste Mundial, será preciso mais do que futebol: será preciso alma, coragem e uma pitada de milagre.
Nesse domingo, o Flamengo não é apenas um clube rubro negro carioca, mas o Brasil vestido em vede e amarelo.
(*) Professor e amante do futebol arte
TMNews do Vale – Editorial
A informação que aproxima.
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