Congresso dribla governo, afrouxa regras do BPC e pressiona Orçamento


O Congresso derrubou nesta terça-feira (17) o veto presidencial que impedia mudanças nas regras de reavaliação de benefícios por incapacidade permanente. 

A decisão representa uma derrota para o governo federal e amplia a pressão sobre as contas públicas, em meio a um avanço expressivo das despesas com o Benefício de Prestação Continuada (BPC). 

O projeto, apresentado em 2017 e aprovado no fim de 2024, exclui da obrigatoriedade de reavaliação médica os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e do BPC cuja condição de incapacidade seja classificada como permanente, irreversível ou irrecuperável. O texto também determina a presença de um infectologista na perícia de pessoas com HIV. Vetada integralmente pelo presidente Lula, a proposta será promulgada após a derrubada pelo Congresso Nacional. 

A equipe econômica alertou para os riscos fiscais da medida. Segundo a justificativa do governo ao vetar o projeto, a dispensa de reavaliações pode perpetuar benefícios indevidos e gerar despesas obrigatórias crescentes, reduzindo o espaço para investimentos e outras políticas públicas. Também foram apontadas inconstitucionalidades, como o desrespeito aos princípios da seletividade e distributividade previstos na Constituição. Ou seja, o governo alega que a medida pode beneficiar pessoas que não se enquadram mais nos critérios do programa, desviando recursos de quem realmente precisa.

O veto é derrubado no mesmo momento em que o governo tenta conter o avanço de gastos com o BPC, que saltaram 60% nas concessões judiciais nos últimos três anos. 

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, antecipou à CNN que esse aumento levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em articulação com a pasta e a Advocacia-Geral da União (AGU), a preparar uma resolução para restringir decisões favoráveis na Justiça sem base nos critérios oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social. “Ao ter aumento do BPC como despesa obrigatória — não há opção de pagá-lo ou não, é preciso pagá-lo — há uma compressão em uma série de outras despesas discricionárias”, afirmou Durigan em entrevista à CNN. “Espero que essa solução desenhada entre AGU e CNJ nos ajude a conter o crescimento do BPC”, destacou. 

Hoje, cerca de 25% a 30% das concessões do BPC são determinadas pela via judicial, sem o mesmo rigor de exigência de renda e condição social aplicados na análise administrativa. 

O programa atende mais de 6,3 milhões de pessoas e prevê um gasto de R$ 112 bilhões em 2025 — mais que o dobro do custo do Bolsa Família. A derrubada do veto amplia o risco de aumento estrutural dessas despesas. Para especialistas, ao eliminar a exigência de perícia periódica, o governo perde instrumentos de controle sobre a concessão e manutenção do benefício, o que tende a dificultar o cumprimento da meta fiscal.

CNN Brasil

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