(*) Taciano Medrado
Cem dias se passaram desde que Marcos Andrei Gonçalves assumiu a chefia do executivo municipal na cidade de Juazeiro no norte da Bahia, e a impressão que se tem é de que a administração se confunde com um perfil de influenciador digital.
O prefeito adotou um slogan em todas as sua falas á população: " Um cheiro no coração" e marca presença diária nas redes sociais, sempre com o sorriso pronto e o celular em mãos, enquanto a cidade clama por ações concretas.
A gestão de Gonçalves, até agora, tem sido uma vitrine de imagem, com foco total em curtidas, reels e hashtags – e uma preocupante ausência de políticas públicas estruturantes.
100 dias de engodo
A promessa de renovação, que entusiasmou eleitores na campanha, começa a desbotar sob o filtro do improviso. Saúde, educação, mobilidade urbana, segurança: nenhuma dessas áreas recebeu atenção proporcional ao espetáculo midiático montado pela equipe de comunicação do prefeito.
O discurso moderninho e a estética jovem escondem a falta de planejamento, de gestão técnica e de responsabilidade com o bem público. É como se administrar fosse apenas uma questão de engajamento virtual. Afinal, o prefeito ainda não deixou cair a ficha de ter sido eleito o prefeito da quinta maior cidade da Bahia com 254.481 habitantes segundo estimativa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Enquanto isso, postos de saúde seguem com filas intermináveis, professores denunciam a precariedade nas escolas e o transporte coletivo continua caótico. Há também o silêncio ensurdecedor diante de questões sociais urgentes, como a crise habitacional e o aumento da população em situação de rua. Mas na timeline do prefeito, tudo parece sob controle – e com filtro Valencia.
A crítica aqui não é à comunicação em si, mas à inversão de prioridades. Governar é mais do que posar para fotos em inaugurações simbólicas ou lançar campanhas estéticas. Requer coragem para tomar decisões impopulares, sensibilidade para ouvir as demandas da população e competência para construir soluções duradouras. Até agora, Gonçalves mostrou-se mais preocupado em ser “viral” do que eficaz.
Para coroar com chave de ouro, o prefeito arregimentou a tropa dos comissionados e seus familiares para comemorar a data dos cem dias de desgovernos em uma grande festa na Orla II da cidade que deve ter custado muito caro, contradizendo o decreto de calamidade financeira decretado pelo próprio prefeito. Afinal, a velha manobra do Pão & Circo sempre será uma carta que os prefeitos carregam nas mangas das suas camisas.
Se os próximos dias seguirem no mesmo ritmo, o governo Andrei Gonçalves corre o risco de se tornar um "case" de marketing sem substância, uma gestão onde o cenário importa mais que o roteiro. E a cidade, infelizmente, não vive de selfie.
(*) Professor e analista político
Não
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