(*) Taciano Medrado
Nos últimos tempos, tem se espalhado em alguns municípios um slogan curioso entre prefeitos e gestores: "Um cheiro no coração".
A expressão, que carrega um tom de proximidade e afeto, tem sido utilizada de maneira recorrente por políticos que tentam criar uma conexão emocional com a população.
Mas até que ponto essa frase representa um verdadeiro compromisso com o povo ou é apenas mais uma estratégia politiqueira?
Primeiramente, é inegável que a comunicação política se baseia na empatia e na construção de uma identidade próxima ao eleitorado. Expressões populares e coloquiais, como "Um cheiro no coração", evocam um sentimento de carinho e pertencimento, elementos fundamentais para a conquista da simpatia do público. No entanto, quando essas palavras são repetidas exaustivamente sem que sejam acompanhadas de ações concretas, acabam se tornando vazias e oportunistas.
Em muitas cidades, prefeitos que adotam esse tipo de discurso são os mesmos que falham na gestão pública, deixando a população à mercê da falta de infraestrutura, saúde precária e educação deficiente. O "cheiro no coração" se torna então um cálculo estratégico para mascarar a ausência de compromisso real com as demandas da comunidade. A frase se transforma em uma cortina de fumaça que encobre a ineficiência administrativa e a falta de planejamento.
Não se pode negar que a política também tem sua dose de simbolismo e emoção, mas a população precisa estar atenta para diferenciar o afeto genuíno da manipulação emocional. Gestores que usam esses jargões devem ser cobrados por resultados reais. De nada adianta um "cheiro no coração" se faltam investimentos em educação, saúde e segurança.
Ao invés de se deixarem levar por discursos envolventes e frases de efeito, os eleitores devem questionar: esse gestor realmente tem compromisso com o bem-estar da população ou está apenas usando palavras bonitas para se manter no poder?
Afinal, política não se faz com discursos vazios, e nem com slogan de afetividade, mas com trabalho e resultados concretos e eficazes.
Plagiando um certo prefeito: "Um cheiro no coração de vocês" (risos)
(*) Professor e analista político
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