Foto arquivo TMNews do Vale
Um Dia de Consciência, para qualquer segmento, significa um dia de reflexão sobre a importância do mesmo, sua relevância no meio social e implicações socioculturais, além de servir para posicionamentos de alerta em relação a atos de rejeição contra o mesmo
Os negros brasileiros foram escravizados e forçados a deixarem seu continente sendo trazidos para trabalhos forçados na agricultura, mineração e pecuária, além de funções domésticas, quando não objetos de exploração e violência sexual.
Para sobreviverem entre 1539 e 1888, data do início e fim da escravidão oficial no País, os negros foram se adaptando sob muitos aspectos. Desde a convivência social até à religiosa. No Brasil chegaram escravos de base religiosa espiritualista, fetichista, islâmica e cristã. Desde o culto aos ancestrais até à adoração a espíritos das florestas. Perseguidos, foram sincretizando sua fé com a religião católica dominante no País dando origem a um novo segmento de crença, derivado desta mistura cristã-europeia com a fé de base africana.
Só que havia negros de outras crenças. Como os Malês, de origem muçulmana. Estes eram alfabetizados e donos de razoável cultura acima da média brasileira da época. Realizaram uma revolta contra os abusos aqui sofridos. Foram derrotados, mas deixaram uma marca de resistência na História da Nação. Uns poucos cristãos eram considerados por muitos como "sem alma" e foram discriminados. Ainda assim persistiram e deram origens a segmentos dentro da fé católica. Em 1882, os Batistas fundaram a Primeira Igreja na Bahia e um escravo fugia para assistir seus cultos. Descoberto, foi surrado. Os missionários o compraram e libertaram para servir livremente ao Senhor Jesus. Fatos similares se repetiram pelo País!
Assim, em cada região do País a história antirracista foi construída ao seu modo. Sempre permeada de sangue, suor e lágrimas. Mesmo após o fim oficial da escravidão em 1888, a intolerância e preconceito contra o povo preto persistiu e foi estruturado pela construção de conceitos sociais de convivência e exclusão, habilmente disfarçados, ao longo de mais de um século. A vinda de imigrantes para substituir a mão-de-obra outrora escrava levou a maioria dos negros para uma vida de pobreza e exclusão social que resultou na maior presença de negros nas zonas periféricas de marginalidade do Brasil. Isso gerou menor acesso deste segmento à educação de qualidade e boa qualificação profissional.
O desafio do Brasil no século XXI é levar uma melhor educação e profissionalização a estas áreas periféricas, com qualidade de vida e infraestrutura mais dignas para uma população que nestes setores das maiores cidades costuma ser a ampla maioria demográfica. Isso irá requerer contínuas gestões focadas neste olhar de inclusão e reparação.
O Brasil é múltiplo, plural, miscigenado e multicultural. E à medida que práticas excludentes forem sendo eliminadas o País se tornará mais socialmente justo e inclusivo.
Salve o dia da Consciência Negra! Dia de redenção, reflexão, posicionamento e mudança de atitude. Jamais de retaliação!
Viva o povo preto brasileiro!
(*) Homem negro e brasileiro
Não
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