Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que apenas 2.330 candidatas mulheres concorrem ao cargo de prefeita nas eleições municipais de 2024. O número corresponde a 15% do total de candidatos ao cargo. Apesar do avanço em comparação com os pleitos anteriores, um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que somente 35% das cidades apresentam alguma candidata na disputa. Já para os homens, o índice é de 98% dos municípios.
Entre
os anos 2000 e 2024, a quantidade de candidatas no pleito praticamente dobrou.
Mesmo com a expansão, a fundadora e presidente do Movimento Mulheres
Municipalistas (MMM) Tania Ziulkoski avalia que o percentual ainda está muito
baixo, considerando que as mulheres representam 52% da população brasileira.
“É
fundamental mais mulheres eleitas para a construção de políticas atentas às
necessidades que afetam diretamente a nós, mulheres. Fatores que, historicamente,
são apontados pelas gestoras que conseguiram ser eleitas na política são a
dificuldade em conciliar a dupla e, às vezes, tripla jornada imposta
socialmente para a maioria das mulheres, que, além da dedicação à vida
política, precisam ainda cuidar de afazeres domésticos, da família e do
trabalho.”
Perfil
das candidatas
O levantamento da CNM, com base nos dados do TSE, revela o perfil das candidatas e candidatos:
O
estudo revela ainda que 52% das candidatas a prefeita se concentram em cinco
partidos: MDB (13%), PT (11%), PSD (10%), PL (9%) e União (9%). Além disso, o
pleito deste ano terá pela primeira vez candidaturas exclusivamente femininas
em 101 cidades. Dessas, 24 terão candidatura única.
Em outros 189 municípios, a quantidade de candidatas mulheres é maior que a de homens. É o caso da cidade de Arceburgo, no sul de Minas Gerais. Pela primeira vez na história do município, duas mulheres concorrem ao cargo do Executivo.
A
arceburguense Johany de Moraes, de 33 anos, diz que se sente satisfeita por ter
duas candidatas disputando um cargo que, por anos, foi ocupado pela presença
masculina.
“As
duas partes têm propostas boas e o fato de serem duas mulheres não só traz a
diversidade de gênero, mas também ajuda na quebra de estereótipos que ainda
existem sobre a capacidade das mulheres de liderar, especialmente na área da
política e poder público, tradicionalmente já ditado pela maioria dos homens.
Essa eleição, acho que vai servir de inspiração para empoderar a presença
feminina nos cargos de disputas futuras.”
Violência
política de gênero
A
presidente do MMM Tania Ziulkoski destaca um outro levantamento da Confederação
Nacional dos Municípios, realizado em janeiro deste ano com atuais prefeitas e
vice-prefeitas, sobre a violência política de gênero que limita a participação
mais forte das mulheres nos cargos públicos. “60,3% afirmaram que já foram
vítimas de violência no ambiente virtual e 53,1% apontaram que já sofreram
violência política de gênero”.
Nesta
semana, a Comissão Mista de Combate à Violência Contra a Mulher do Senado
Federal promoveu uma audiência pública para falar sobre o enfrentamento a esse
tipo de violência. Na ocasião, a representante da Defensoria Pública da União
(DPU) Rafaella Mikos Passos destacou o papel do Programa Nacional de
Enfrentamento à Violência Política de Gênero como ferramenta de assistência
jurídica gratuita para candidatas e eleitoras.
“A
DPU criou um canal de denúncias, de pedidos de assistência. Um canal online,
que está disponível no site da DPU, para atuar nos casos recebidos em todo o
território nacional e nas unidades da DPU, onde ela já está instalada. Então, a
intenção é atuar em todos os casos de violência política de gênero que chegarem
ao conhecimento da Defensoria Pública da União nessas eleições de 2024.”
Segundo
Rafaella Mikos Passos, outro objetivo do programa é capacitar defensores
públicos sobre a temática da violência política de gênero, que não ocorre
apenas contra as candidatas à prefeitura, mas também com eleitoras e mulheres
que ocupam outros cargos não eletivos.
Para
saber mais ou denunciar, acesse: politicadegenero.dpu.def.br.
Fonte: Brasil 61
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