Milhares de pessoas vestidas de verde e amarelo responderam neste sábado (7) em São Paulo ao chamado do ex-presidente Jair Bolsonaro para defender a “liberdade de expressão”, em meio ao bloqueio da rede social X decidido pela justiça brasileira.
No
Dia da Independência, os manifestantes entoaram palavras de ordem em favor da
“democracia” e da “liberdade” e pediram o impeachment do ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, uma semana atrás, bloqueou o
acesso à rede social de propriedade do bilionário Elon Musk, apoiador de
Bolsonaro.
“De
nada vale falarmos ou comemorarmos independência se não temos liberdade”,
afirmou Bolsonaro em um vídeo no qual chamou para manifestações a partir das
14h na Avenida Paulista.
O
ex-presidente, de 69 anos, fez uma breve visita a um hospital pela manhã para
tratar de uma gripe severa, segundo seu entorno, mas sua participação no ato
não estava em dúvida.
Às
14h, o hino nacional brasileiro soou na Paulista.
“Estou
aqui para pedir o impeachment de Alexandre de Moraes. O que ele está fazendo é
inaceitável, ele está ignorando a nossa Constituição”, disse à AFP Emilia
Lapolli, arquiteta de 35 anos, presente desde o início do evento.
“Vim
para protestar contra essa loucura que está acontecendo aqui no nosso país. A
censura que está aí, né?”, declarou Sérgio Luiz Barreira, técnico de
informática de 74 anos, exibindo um cartaz escrito “Fora Moraes”.
–
“Duro golpe à nossa liberdade” –
Moraes
é visto como o maior inimigo dos bolsonaristas, especialmente após condenar
Bolsonaro, em 2023, a oito anos de inelegibilidade por disseminar desinformação
sobre o sistema de votação eletrônico. Ele era presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
O
bloqueio da rede social X foi decretado por Moraes em 30 de agosto, entre
outros motivos, pela reativação de contas de bolsonaristas que ele havia
suspendido por divulgar notícias falsas.
Essa
medida foi criticada por Bolsonaro como “um duro golpe à nossa liberdade e à
nossa segurança jurídica, o que afastará investidores estrangeiros e terá
consequências nefastas em todas as esferas da vida pública brasileira”,
conforme postou na quinta-feira no LinkedIn.
Muitos
cartazes com o rosto de Elon Musk podiam ser vistos ao longo da Avenida
Paulista.
Enquanto
a direita considera o bloqueio do X um ataque à liberdade de expressão, a
esquerda o vê como uma medida justa contra a desinformação que Musk permite em
sua plataforma.
“Seremos
sempre intolerantes com qualquer um, independentemente de sua fortuna, que
desafie a legislação brasileira”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em um pronunciamento na véspera do feriado de Independência, sem citar
diretamente Musk.
A
democracia “não é o direito de mentir, de espalhar o ódio ou de atentar contra
a vontade do povo”, acrescentou o presidente.
Em
fevereiro, Bolsonaro reuniu 185 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo uma
estimativa de pesquisadores da Universidade de São Paulo. Nos últimos meses, o
ex-presidente intensificou suas aparições públicas para apoiar candidatos
aliados nas eleições municipais de outubro.
Bolsonaro,
que perdeu por pequena margem para Lula nas eleições de 2022, pediu que seus
apoiadores “não participassem das cerimônias de comemoração da independência
organizadas pelo governo”.
Enquanto
isso, Lula presidirá o desfile tradicional de 7 de setembro em Brasília, em
meio a uma crise no governo, causada pelas acusações de assédio sexual contra
seu ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que foi exonerado na
sexta-feira.
lg/tmo/app/raa/am/ic
Revista Isto É
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