Os
adultos brasileiros que têm esteatose hepática, popularmente chamada de gordura
no fígado, apresentam 30% mais risco de desenvolverem diabetes tipo 2, segundo
estudo realizado por pesquisadores da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em
parceria com a USP (Universidade
de São Paulo) e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Os
pesquisadores fizeram um estudo baseado em 8.166 adultos, servidores públicos
ou aposentados, com idades de 35 a 74 anos, e oriundos de 6 capitais do Brasil.
Os voluntários foram seguidos por cerca de 3,8 anos. Foram excluídos os
participantes com diabetes no início do estudo, aqueles que relataram consumo excessivo
de álcool com hepatite ou cirrose.
Os
cientistas utilizaram a ultrassonografia abdominal para detectar a esteatose
hepática. Contudo, o diagnóstico da doença também pode ser feito por meio de
outros exames de imagem, tais quais tomografia e ressonância magnética, além de
biópsia do fígado.
Durante
o período de estudo, a incidência de diabetes foi de 5,25% em todo o grupo de
participantes, sendo de 7,83% entre as pessoas com esteatose hepática e de
3,88% naqueles sem a esteatose.
Para
a hepatologista Bianca Della Guardia, coordenadora do Grupo Médico Assistencial
de Doenças Hepáticas do Hospital Israelita Albert Einstein, esse tipo de estudo
é muito importante, já que no Brasil não há um grande número de pesquisas que
avaliem a incidência e prevalência da doença na população.
“Nós
imaginávamos uma incidência maior de esteatose no Brasil por questões genéticas
que podem estar relacionadas. Mas esse número é preocupante porque, quando
falamos da doença hepática gordurosa não alcoólica, estamos fazendo uma
associação direta com a síndrome metabólica”, declarou.
A
especialista afirmou que a esteatose hepática é uma doença silenciosa e,
portanto, perigosa. “Não existem sinais específicos para a doença. O
paciente terá sintomas quando a doença estiver numa situação de cronicidade,
quando o fígado começa a dar sinais de falência. Geralmente, são sintomas que
aparecem numa fase mais tardia da doença, que é tudo que precisamos evitar”,
disse.
Para
o endocrinologista Clayton Macedo, o mais importante é constatar a doença e,
assim, iniciar o tratamento imediato. Só assim é possível evitar “um
quadro de falência hepática mais grave”.
“O
exercício físico é determinante para a diminuição da gordura visceral. Se nós
tratamos o excesso de gordura, a adiposidade, conseguimos segurar a evolução
dessa inflamação”, afirmou o Macedo, que também é coordenador do Núcleo de
Endocrinologia do Exercício e do Esporte do Hospital Israelita Albert Einstein
e o ambulatório de Endocrinologia do Esporte da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo).
O
profissional disse que o tratamento padrão é o exercício físico e que as
medicações são usadas para as “doenças base”, como diabetes, obesidade e
colesterol. Por consequência, a combinação acaba “melhorando a esteatose
hepática”.
“Hoje,
a ciência tem trabalhado com o conceito MASH para mostrar que fatores
metabólicos e não somente o álcool estão fazendo com que o fígado fique doente.
A esteatose pode ser controlada, entrando em remissão. Conseguimos melhorar
bastante o quadro com perda de peso, principalmente quando aliada à dieta e ao
exercício físico”, afirmou.
Fonte:
Poder 360, com informações da Agência Einstein.
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