(*) Percival Puggina
Pessoas
adultas, seguras de si, não costumam mostrar interesse sobre a vida sexual dos
outros. Publicizar a própria sexualidade, propagandear prazeres e supostas
competências é coisa de adolescentes e de adultos com mais problemas do que
competências. A estratégia política de levar às salas de aula um pacote de
ideias erráticas e volúveis sobre a sexualidade humana, como faz a “ideologia
de gênero”, tem causado grave preocupação na sociedade.
Foi
por assim entender que o Congresso Nacional, nos anos recentes, sempre que
deliberou sobre questões educacionais, rejeitou conteúdos com menções a
“gênero”. Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores têm feito o mesmo,
malgrado a furiosa pressão da militância. Quando a Câmara Municipal de Porto
Alegre votou uma dessas matérias, assisti à sessão e conversei com vereadores.
A ideia de ter que proteger as crianças dos professores e seus problemas era
tão surpreendente quanto necessária.
Na
ocasião, antevi que a extrema esquerda derrotada pelo plenário não abandonaria
a obsessão. Fechada a porta, entraria por alguma janela. Foi o que aconteceu
logo após com a inserção, nas escolas, da linguagem de gênero neutro, essa
coisa sem pé nem cabeça. No início de 2021, já havia estabelecimentos de ensino
recebendo os alunos com saudações do tipo “Querides alunes!”. A temática
entrou, irreversivelmente, nas salas onde crianças inocentes e adolescentes
novatos estavam confiados a professores errados! Alegando combater
preconceitos, inventam palavras não dicionarizadas, chutam a gramática e
alteram os pronomes do idioma pátrio para que não identifiquem gênero algum.
Por outro lado, a ideia de que os órgãos genitais são ilusões da mente e devem ser abolidos da identidade pessoal derruba uma biblioteca de genética e outra de biologia. Mas isso não importa à militância, contanto que se propague um mix conceitual cheio de contradições. Segundo ele, masculino e feminino seriam:
1.ora
construções culturais e sociais
2.ora
deliberações tão frívolas quanto a escolha de uma camiseta,
3.ora
frutos de imposições heteronormativas,
4.ora
livres opções individuais,
5.ora
imposições coercitivas da natureza,
6.ora
produtos de uma “dialética” ocasional da genitália com sabe-se lá o que na
cabeça de cada um.
Convenhamos,
isso não é assunto para ocupar tempo e esforço pedagógico numa sala de aula com
crianças ou no início da adolescência. Não vejo pais apoiando tais práticas. Se
o que se quer é combater a discriminação e o preconceito, ganharíamos mais
fazendo exatamente isso, valorizando a dignidade da pessoa humana, sua dimensão
material e espiritual, a virtude e o amor ao próximo. Assim, estaríamos
poupando crianças e adolescentes das confusões e conflitos que já lhes está
causando essa pedagogia infeliz.
(*) Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de jornais.
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