Para
quem nunca esteve na Caatinga, essa vegetação típica do Nordeste brasileiro
revela contrastes. Nem sempre ela fica só seca e com aspecto desértico, como
imagina a maioria das pessoas que não teve a oportunidade se embrenhar nesse
bioma.
Mas,
pelo contrário, a Caatinga também exibe muito verde, vigor e exala cheiro de
perfume de flores. No início de cada ano, quando a oferta de chuva é boa, tudo
se renova. O ciclo da vida mostra o poder da incansável transformação.
A
região de Campo Formoso, no norte do Bahia, é um local isolado dos grandes
centros urbanos, a mais de 400 km de Salvador (BA). Por aqui, é comum ver casas
amarelas construídas com barro e observar cabras e bodes que caminham de um
lado para outro, levando consigo o inconfundível sino pendurado no pescoço.
Daria
até para dizer que a sinfonia no sertão é marcada pelo barulho desse
instrumento que serve para manter o controle sobre o deslocamento dos rebanhos
que são criados soltos na maioria das propriedades.
A
comunidade de Cercadinho (BA), que fica a 2 horas de viagem do centro de Campo
Formoso, mantém o estilo de vida de décadas passadas. Chegar até aqui exige
paciência e veículo apropriado, só os com tração quatro por quatro conseguem
vencer as subidas de pedras infindáveis desse lugar inóspito para quem não está
acostumado à simplicidade das coisas.
Nessa
comunidade não existe rede de energia elétrica. Em algumas casas, placas
solares captam os raios que se convertem na única fonte de alimentação de
energia, mas o fornecimento depende da capacidade das baterias instaladas. Ou
seja, nem sempre dá para contar com abastecimento de eletricidade 24 horas por
dia.
Em
Cercadinho também não há farmácia, mercado, posto de combustível, nem padaria.
Umas vinte casas se concentram na rua principal, de terra, que pode ser
atravessada em alguns poucos minutos.
É
nesse ambiente de rústico e isolado do Nordeste que vive uma das espécies de
araras endêmicas do Brasil, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari).
Esse psitacídeo quase desapareceu durante a década de 1990 e um dos motivos foi
o tráfico de animais silvestres.
Ave
ameaçada
A
arara-azul-de-lear tem uma história peculiar. O ornitólogo francês Charles
Lucien Bonaparte descreveu a espécie em 1856 com base em exemplares
taxidermizados. Muito tempo depois, a espécie foi redescoberta no interior da
Bahia.
Os
pesquisadores tinham uma noção de onde ela poderia viver, no entanto, a
confirmação só veio em 1978. Por ser uma região isolada, criminosos vinham até
a região do Cercadinho em busca das araras.
Fonte: G1 - Campinas e Região/EPTV
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