(*) Taciano Medrado
Li
com tristeza nessa quarta-feira (8) uma matéria publicada na revista Isto É,
com o título: Oito em cada dez
professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira.
Sou
professor há mais de 35 anos e durante a pandemia do Coronavirus aproveitei e tomei
uma decisão de abandonar as salas de aula presencialmente, hoje só trabalho com
ensino a distância na modalidade EAD, vários foram os motivos que me levaram a
tomar essa decisão, dentre elas o desinteresse dos alunos pelo aprendizado, a violência
contra os professores, as leis criadas para proteger os alunos e deixar refém os
mestres, o uso descontrolado dos celulares dentro do ambiente de sala de aula
tornando um lugar contaminando com tantas idiotices, alienando cada vez mais a
cabeça dos nossos jovens. E o baixo
retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária
excessiva.
Por outro lado, a desvalorização do profissional da educação cada vez maior, aliado ao aumento significativo de doenças laborais oriundas do exercício do magistério como, depressão, Estresse, mal de Parkinson, Alzheimer e outras de cunho psicológico.
Os
dados são da pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação
Básica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (8), pelo Instituto Semesp.
A pesquisa foi realizada entre 18 e 31 de março de 2024, com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país. Os dados mostram que 79,4% dos professores entrevistados já pensaram em desistir da carreira de docente. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.
Entre
os principais desafios citados pelos professores estão: falta de valorização e
estímulo da carreira (74,8%), falta de disciplina e interesse dos alunos
(62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta
de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).
Segundo
os dados da pesquisa, mais da metade dos respondentes (52,3%) diz já ter
passado por algum tipo de violência enquanto desempenhava sua atividade como
professor. As violências mais relatadas são agressão verbal (46,2%),
intimidação (23,1%) e assédio moral (17,1%). São citados também racismo e
injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte.
A violência é praticada principalmente por alunos (44,3%), alunos e
responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%).
Apesar
disso, a pesquisa mostra que a maioria (53,6%) dos professores da educação
básica está satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Os professores
apontam como motivos para continuar nas salas de aula, principalmente, o
interesse em ensinar e compartilhar conhecimento (59,7%), a satisfação de ver o
progresso dos alunos (35,4%) e a própria vocação (30,9%).
“Apesar
de todos os problemas é o que eu gosto de fazer e tenho maior capacidade”, diz
um dos professores entrevistados, cujo nome não foi revelado. “A paixão pelo
processo de ensinar e aprender, contribuindo para a evolução das pessoas”,
aponta outro, que também não foi identificado.
Para
Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de
ensino superior no Brasil, esses dados são importantes porque mostram o que
motiva os professores. “Ele fala da sua vocação. Fala do interesse em ensinar,
da satisfação de ver o progresso do aluno. São fatores que estão interligados.
Tanto a vocação como o interesse em compartilhar o conhecimento e a satisfação
de ver o progresso do aluno. Esse é um dado muito importante em termos do
perfil daquele que escolhe ser professor”, destaca.
Licenciaturas
A
pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil faz
parte da 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que reúne dados
oficiais e coletados pelo Instituto Semesp para traçar o cenário atual do setor
educacional no país. Esta edição tem como foco principal Cursos de
Licenciaturas: Cenários e Perspectivas.
De
acordo com a publicação, o Brasil tem 9,44 milhões de estudantes matriculados
no ensino superior. A maioria deles está em instituições privadas (78%).
Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), até 2024, o país deveria ter
33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Até 2022, essa
taxa era 18,9%.
Atualmente,
17% dos alunos do ensino superior cursam alguma licenciatura, o que equivale
1,67 milhões de universitários. Pedagogia aparece como 17° curso com mais
estudantes nos cursos presenciais diurnos e como o primeiro curso com mais
estudantes em ensino a distância (EAD).
Apesar
do grande número de estudantes, os dados mostram que as desistências nesses
cursos são altas. Cerca de 60% dos estudantes de licenciaturas na rede privada
e 40% dos estudantes da rede pública desistem da formação. Entre os mais
jovens, apenas 6,6% dos entrevistados pelo Instituto Semesp têm interesse em
cursar cursos da área de educação.
“Nós
pensamos que é necessário repensar também o modelo de oferta dos cursos de
licenciatura, com essa campanha que estamos fazendo para atrair os jovens para
os cursos de licenciatura. Os currículos têm que ter mais prática e mais
capacitação para esse uso de tecnologia, a necessidade de financiamento das
mensalidades, porque a maioria dos que vão para o curso de licenciatura é de
uma classe social mais baixa e, por isso, a necessidade de uma bolsa
permanência para o aluno não evadir e não precisar trabalhar”, defende
Lúcia Teixeira.
Formação a distância
Recentemente,
as altas taxas de matrícula em cursos a distância e
a preocupação com a qualidade da formação dos estudantes, especialmente dos
futuros professores, levaram o Ministério da Educação (MEC) a buscar uma
revisão do marco regulatório da modalidade.
Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a formação presencial pode não ser a única solução. Ele defende uma revisão da avaliação dos cursos. Ainda que seja na modalidade a distância, ele ressalta que os cursos de formação de professores preveem uma carga horária presencial, em estágios, por exemplo.
“Eu
acho que o que precisa é melhorar a avaliação dessa presencialidade. Se eu
tenho obrigatoriedade de estágios e esses estágios não são cumpridos ou são
muito ruins, aí eu tenho um problema. Se é ruim e eu só aumento a carga
[horária presencial], eu só vou aumentar a ruindade. Então, eu acho que,
primeiro, antes de discutir mais carga presencial ou menos carga presencial,
não estou falando que a gente defende ou não defende, mas eu acho que é preciso
melhorar esse monitoramento do presencial”, diz.
A
pesquisa feita com os docentes pelo Instituto Semesp mostra que 50,1% dos
respondentes discordam parcial ou totalmente da afirmação de que o ensino a
distância não é adequado. Além disso, para 55,7% dos entrevistados, os cursos
de licenciatura devem ser ofertados apenas na modalidade presencial.
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