Duas perguntas.
1ª) Onde estão os jornalistas que
você conhecia e respeitava por sua atuação inteligente, competente e
independente nos principais órgãos de mídia do país? Expurgados de seus postos
de trabalho – numa proporção que todos veem e pouco se comenta – migraram para
as redes sociais e para as mídias digitais.
2ª) O que você acessa com maior
frequência: jornal, rádio, TV ou fontes que já estão na memória de seu
smartphone? Pois é.
As redes sociais democratizaram o
direito de opinião e expuseram as narrativas fraudulentas da extrema-esquerda.
Submetida a um contraditório para o qual não estava preparada, ela viu minguar
seu apoio junto à opinião pública. Milhões de eleitores se descobriram
liberais, conservadores, de direita.
Os antigos meios de comunicação
sentiram a perda de influência e de receita. A mídia digital, para onde se
mudou a maior parte dos grandes jornalistas, ganhou importante acréscimo de
qualidade. Uma nova geração de jovens estudiosos e talentosos passou a ganhar
bom dinheiro nessa atividade.
A revolução cultural, até surgir esse
novo fenômeno, avançava sem encontrar resistência, contando com o aparelhamento
das universidades, com a militância das redações, com as CEBs e pastorais dos
teólogos da libertação e com a segregação de autores conservadores e liberais.
Os revolucionários da cultura, em seu combate contra os fundamentos do
Ocidente, sempre dispuseram de ativa e poderosa linha de frente formada pela
multidão de seus censores. Sim, há muitos anos a censura sobre a divergência e
o expurgo dos divergentes é instrumento cotidiano no meio cultural. O produto
prático de seu trabalho e a razão de seu sucesso está em que milhões de pessoas
foram compelidas a viver e formar suas opiniões sem acesso a qualquer conteúdo
conservador ou liberal.
Vitimadas por essa censura cotidiana
sobre autores e obras que não lhes era permitido conhecer, sucessivas gerações
de alunos entraram e saíram das nossas universidades sem ouvir falar em João
Camilo, Gustavo Corção, Mário Ferreira dos Santos, Oliveira Lima, Otto Maria
Carpeaux, Nelson Rodrigues e tantos outros. O silencioso enterro de autores e
suas obras é bem mais danoso que a crepitante fogueira de livros na praça.
(Obs.: meu amigo Olavo de Carvalho era excessivamente notório para ser
ocultado, mas era apedrejado.)
A extrema-esquerda é censora por
natureza! Onde minoritária, usa a gritaria para impedir que seus adversários se
manifestem. Onde majoritária, expulsa-os a gritos, xingamentos e corredores
poloneses… Ou não? Coleciono centenas de depoimentos sobre a permanente
reiteração dessas ações fascistas. Denomino Censura 1.0 o conjunto de tais
práticas.
A Censura 2.0, turbinada, surgiu
durante a pandemia, num modelo de teste, com controle exercido sobre as redes
sociais e suas plataformas. Suprimir postagens, retirar perfis e/ou
desmonetizá-los é um agravado misto de censura de conteúdo com censura prévia e
simultânea penalização dos autores. O texto constitucional tornou-se uma
anomalia. A novidade veio sob aplausos e intensa colaboração dos prejudicados
pelo advento das novas tecnologias: partidos de extrema-esquerda e mídia
tradicional.
A censura 3.0, de última geração, já
está prometida e organizada para operar nos pleitos municipais de outubro. Para
sua implementação, foi instalada, recentemente, a estrovenga tecnológica,
policial e jurídica que atende pelo nome de Centro Integrado de Enfrentamento à
Desinformação e Defesa da Democracia. É uma força tarefa para controlar redes
sociais e serviços de mensagens como forma de “proteger a liberdade dos
eleitores”. A grande vantagem de quem, prestativamente, se dispõe a tais
serviços à nação é seu suposto convívio íntimo com a Verdade, assinalado por
afagos no rosto e tapinhas nas costas. Acresça-se a isso o chamego com os
fatos, causa do caráter impositivo do ponto de vista e da interpretação que os
todo-poderosos lhes dão. Puxa vida! Comovente esse espírito de serviço à
“democracia” e à “liberdade de escolha” do eleitor, entregando-lhe a verdade
prontinha, tipo delivery, não é mesmo?
(*)
Arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do
Rio Grande do Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e
em outros websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara,
Diário do Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma
centena de jornais.
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