Na
Sexta-Feira Santa, depois de 45 dias de trabalho infrutífero, o Ministério da
Justiça e Segurança Pública deu por encerrada a mobilização policial para
capturar os dois criminosos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró
(RN), em meados de fevereiro. A partir de agora, informou o ministro Ricardo
Lewandowski, “o foco será em ações de inteligência”. No que depender apenas
disso, então, os fugitivos podem ficar tranquilos.
A
questão nunca foi a falta de informações. Havia, aliás, informações de sobra,
sobretudo em relação aos problemas de um presídio que deveria ser de segurança
máxima. O governo Lula, bem como o governo Bolsonaro, sabia que mais de 120
câmeras de vigilância estavam quebradas e que a estrutura física da prisão era
um convite à fuga. Surpreende que não tenha acontecido antes.
Assim,
de nada adianta ter a tal “inteligência” mencionada pelo ministro da Justiça se
o governo não sabe o que fazer com ela. Com governos negligentes como o atual e
o anterior, a fuga de dois meliantes do presídio de Mossoró teria acontecido
mesmo que as informações sobre as fragilidades do local tivessem sido reunidas
pela CIA ou pelo Mossad.
Se
faltou competência, sobraram braços na campanha para recolocar os fugitivos
Rogério Mendonça e Deibson Nascimento atrás das grades. Lewandowski mobilizou
cerca de 500 agentes federais, além do Corpo de Bombeiros e das Polícias
Militares de cinco Estados – Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Paraíba e
Goiás.
Vários
especialistas em segurança pública criticaram a forma como Lewandowski liderou
as forças nacionais. Na visão desses analistas, não houve uma coordenação
central das atividades policiais, abrindo espaço para que decisões erráticas e
não raro conflitantes fossem tomadas por diferentes agentes em campo. Evidentemente,
isso foi determinante para que os foragidos tivessem tempo mais que suficiente
para deixar o perímetro de buscas. Hoje, poucos acreditam que ambos ainda
estejam no Rio Grande do Norte.
Parece
claro, a esta altura, que o governo petista optou pelo espetáculo midiático da
mobilização de centenas de policiais para gerar a sensação de que estava
fazendo algo, de modo a tentar remediar um péssimo revés na gestão da segurança
pública, talvez a principal vulnerabilidade da administração de Lula da Silva.
Como se viu, debalde – e não era preciso grande perspicácia para presumir esse
desfecho.
A bem da verdade, a grosseira falha de gestão diz menos sobre Lewandowski do que sobre seu chefe. É notório que o ministro jamais demonstrou ter perfil executivo, menos ainda perfil de comando no curso de uma operação que mobilizou tantas forças federais e estaduais. De qualquer forma, a responsabilidade continua sendo do presidente da República. Se Lewandowski não é a pessoa certa, como hoje parece claro, que outro mais apetrechado lidere a tarefa. Enquanto isso, ao País resta torcer para que o governo, em algum momento, comece a fazer uso da inteligência que tem à sua disposição.
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