José
Mujica, ex-presidente do Uruguai e referência da esquerda latino-americana,
afirmou que "há um governo autoritário" na Venezuela que destrata as
pessoas, e também criticou a vice-presidente deste país por seus comentários
esta semana contra o mandatário uruguaio Luis Lacalle Pou. As informações são da agência de notícias AFP.
Em
declarações dadas a jornalistas na sexta-feira (16), Mujica, um ex-guerrilheiro
que governou o Uruguai de 2010 a 2015, considerou que o governante venezuelano,
Nicolás Maduro, pode ser chamado de "ditador".
"A
desgraça da Venezuela é que tem muito petróleo, sente-se cercada e tem um
governo autoritário que vai na direção oposta", disse.
"Mas
eu aprendi isto: em uma praça sitiada, qualquer dissidente é um traidor, então
tratam as pessoas como merda", acrescentou Mujica.
Ao
ser perguntado se o governo Maduro era uma ditadura, respondeu: "Onde se
origina o conceito de ditadura? Era uma decisão do Império
Romano quando as batatas estavam assando, que concentravam o poder e o
entregavam a um único cara, para que mandasse. Nenhuma discordância nem
nada."
"Ordem
fechada, porque em momentos de perigo não se pode discutir. Deve haver alguém
no comando. Ali foi inventada a figura do ditador. Na Venezuela existe um
governo autoritário e você pode chamá-lo [Maduro] de ditador, chame-o do que
quiser", frisou.
Mujica
também questionou a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que na
segunda-feira chamou Lacalle Pou de "lacaio", acusando-o de ser um
fantoche dos Estados Unidos, depois que ele classificou o governo Maduro de
"ditadura".
"Ela
perdeu a mão. Assim não se deve falar dos presidentes da América. Não se deve
falar, até por conveniência e por razões diplomáticas. Ela perdeu a mão",
enfatizou Mujica.
A
troca de farpas entre Lacalle Pou e Delcy Rodríguez aconteceu depois que o Uruguai
chamou para consultas, em 9 de fevereiro, seu embaixador em Caracas, Eber da
Rosa, por considerar que há fatos que "tornariam inviável" a
realização de eleições livres na Venezuela este ano.
Nesta
quinta-feira, o Uruguai se juntou a Argentina, Costa Rica, Equador e Paraguai
para expressar, em um comunicado, "sua profunda preocupação com a detenção
arbitrária da ativista [venezuelana] de direitos humanos Rocío San Miguel"
e a suspensão das atividades do escritório do Alto Comissariado de Direitos
Humanos da ONU (ACNUDH) na Venezuela.
ad/llu/rpr
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