Marines dos Estados Unidos durante treinamento de guerra química na base de Quantico, na Virgínia, em 1980...
Enquanto a Rússia afirma ter provas de laboratórios biológicos na Ucrânia, a Otan diz ser possível que “a própria Rússia planeje operações com uso de armas químicas”. Embora o uso e fabricação de ambas seja considerado um crime de guerra pelo Tribunal Penal Internacional, as duas diferem entre si. Segundo a bioquímica e especialista em armas químicas de guerra, Camilla Colasso, esse tipo de armamento se trata de substâncias altamente tóxicas e produzidas em laboratório.
Colasso explica que as armas químicas podem ser dividas em 5 grupos, sendo eles:
Neurotóxicos
Alguns exemplos são o Sarin, utilizado na guerra da Síria, e o VX, usado para matar o norte-coreano Kim Jong-nam, meio-irmão do ditador Kim Jong-Un, em 2017;
Vesicantes
As substâncias desse tipo podem causar bolhas na pele e danificar pulmões e vias respiratórias, como o gás mostarda, utilizado na 1ª guerra mundial;
Sanguíneos
Agentes à base de cianeto que provocam o bloqueio da cadeia respiratória e a falta de oxigenação dos órgãos. Foram usados pelos nazistas nas câmaras de gás, durante a 2ª guerra mundial;
Sufocantes:
Armas que causam a sensação de “morrer afogado“, diz a especialista. Gases e substâncias como o cloro;
Toxinas
Compostos que podem contaminar o ar e reservatórios de água de cidades. Colasso afirma que a substância pode provocar um impacto “muito grande”
No entanto, para a especialista, as armas biológicas são ainda piores, já que
as químicas ficam restritas às áreas de uso. Ela explica ao Poder360 que as
substâncias das armas biológicas são produzidas por organismos, como bactérias,
fungos e vírus. Colasso cita como exemplos o Antraz e a varíola.
HISTÓRICO DE USO
Segundo Tarciso Dal Maso, o uso de armas químicas e biológicas é resultado de “conflitos muito antigos”. Ele afirma que, no século 12, o fundador do Império Mongol, Gengis Khan, já jogava cadáveres infectados com doenças em cidades fortificadas. Ele menciona também o envenenamento de flechas e o uso de animais mortos.
Durante a 1ª guerra mundial, esse tipo de arma também foi “largamente”
utilizada, diz Dal Maso. No entanto, o principal tratado de armas biológicas só
aconteceu na década de 1970 e o de químicas em 1997, com a CAQ (Convenção de
Armas Químicas), que proibiu o uso, a fabricação e aquisição de armas
químicas.
“A
história da humanidade é repleta de exemplos de uso desse tipo de arma”, diz
Dal Maso. Para ele, o direito internacional foi “muito lento” em proibir o
armamento. Apesar de a CAQ ter sido assinada por 191 países -inclusive o
Brasil-, algumas nações, como o Irã e o Iraque, apresentaram resistência,
enquanto o Congo nem chegou a ratificar a convenção.
Colasso
afirma que, além da Rússia, os EUA, a Inglaterra, a Bélgica e a França também
têm um histórico de armas químicas. Dal Maso diz ainda que a maior parte das
grandes potências já utilizou o armamento. Embora a justificativa dos EUA para
a invasão do Iraque de que o país tinha armas químicas tenha sido falsa, a
nação do Oriente Médio de fato utilizou as substâncias contra o povo curdo,
anteriormente.
O
consultor legislativo também menciona o genocídio indígena na América, que teve
a ação de armas biológicas. No Brasil, ele cita a utilização de vestuários contaminados
com vírus letais para a dizimação
dos povos indígenas.
CRIME DE GUERRA
As armas químicas e biológicas foram proibidas pela 1ª vez pela Convenção de Genebra, em 1925, após a 1ª guerra mundial. No entanto, sua fabricação ainda era permitida. Dal Maso explica que ambas são tratadas como um crime de guerra devido ao seu efeito “indiscriminado”, que não separa os combatentes dos civis. “Isso é proibido pelo direito internacional dos conflitos armados. O objetivo militar não envolve atingir civis”, diz.
Apesar do uso desse tipo de arma causar o que o consultor
chama de “sofrimento exacerbado”, o seu uso é proibido em sua totalidade apenas
em guerras,
já que
elementos como o gás lacrimogêneo e o gás pimenta são permitidos para o
controle da ordem pública.
Colasso classifica o uso de armas químicas como “perverso”, já que não dá chances para que as pessoas possam se proteger ou fugir. Por esse motivo, a efetividade desse tipo de armamento é tão alta. “A maior bestialidade vinda disso é pensar em usar um composto tóxico contra pessoas que não têm a menor chance de sobreviver”, acrescenta. Ela diz que o uso de armas químicas e biológicas é ainda pior no caso da guerra da Ucrânia, já que civis estão em meio ao combate. “Não é uma guerra somente com tropas. A Rússia tem poderio militar, mas a Ucrânia não tinha um preparo para isso”
Fonte: Artigo publicado, originalmente por Ana Júlia Lopes/ Poder 360
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